Título: Planalto garante apoio do PDT a seu candidato
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2005, Nacional, p. A7

O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) ganhou ontem o apoio do PDT, que fechou questão a favor de sua candidatura à presidência da Câmara na eleição de segunda-feira. Em contrapartida, Greenhalgh facilitou a disputa interna pela liderança partidária, oferecendo uma vaga de suplente na Mesa Diretora da Casa para acomodar um dos candidatos. Com isto, o PDT optou pelo deputado Severiano Alves (BA) para a liderança e decidiu indicar seu concorrente, Mário Heringer (MG), para compor a Mesa. No mesmo movimento de aproximação com o Planalto, depois do rompimento protagonizado por seu ex-presidente Leonel Brizola, morto em 2004, o PDT fez a cerimônia de filiação de um velho aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (ex-PSB). Também filiou os deputados Jurandir Boia (AL), ex-PSB, e João Fontes (SE), ex-PT.

A bancada pedetista na Câmara tem agora 16 parlamentares, mas a idéia é ampliá-la para algo em torno de 25. A expectativa da direção do PDT é de ganhar pelo menos mais 6 parlamentares no fim de semana, numa ofensiva que inclui o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes. Seu partido, o PPS, decidiu romper com o governo Lula e, como Ciro se recusou a deixar o cargo, afastou-o das funções partidárias.

"O governo Lula não se esgotou e o PDT compreende isto, tanto que não foi para a oposição: adotou a posição de independência", discursou Lessa ontem na cerimônia de filiação, em Brasília. "Temos de dar apoio e força a este governo e a independência é boa porque não se ajuda um presidente da República dizendo só amém."

A ação para trazer o o PDT de volta à base de sustentação, é um dos lados da ofensiva dupla que o governo montou para garantir a eleição de Greenhalgh e facilitar sua vida no Congresso. No outro, o Planalto decidiu envolver dez ministros na campanha de seu candidato à presidência da Câmara. O exército governista inclui até o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que ontem conversou por cerca de 20 minutos com o candidato pefelista ao cargo, José Carlos Aleluia (BA).

Todos os dez ministros reúnem-se hoje cedo com os líderes aliados para um café da manhã na casa do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), com o objetivo de montar a operação final de socorro ao candidato oficial do PT. "Os ministros farão um apelo aos deputados e tenho a certeza de que este café será decisivo", apostou João Paulo. Numa demonstração de boa vontade, Lula atrasou a partida da comitiva presidencial para o Recife, com o único objetivo de liberar os ministros Ciro Gomes e Humberto Costa (Saúde) para participar do café com os líderes.

PMDB

Um dos partidos da base que tem problemas na eleição é o PMDB. O drama da ala governista hoje é garantir a reeleição do líder José Borba (PR), que pode ser a principal vítima da revolta do ex-governador do Rio Anthony Garotinho contra o Planalto. Disposto a patrocinar a eleição de um líder de perfil mais hostil ao governo, Garotinho, presidente do diretório estadual, uniu-se aos rebeldes do PMDB em favor da escolha do deputado Saraiva Felipe (MG), filiando oito novos deputados ao partido.

Para não desequilibrar a maioria governista em favor de Borba, a ala alinhada com o Planalto promete filiar mais três deputados. Mas como a operação pode abalar a supremacia do PT, tirando-lhe o status de maior partido na Câmara, a cúpula peemedebista fechou acordo com os petistas, dando-lhes a garantia de que as mudanças de última hora não afetarão a partilha dos postos de poder no Congresso.