Título: PT festeja crescimento, mas quer mais rigor nas filiações
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2005, Nacional, p. A6

O presidente nacional do PT, José Genoino, admitiu ontem, data em que o partido completou 25 anos, que é preciso "mais cautela e prudência" no processo de filiação de personalidades e políticos eleitos por outras siglas. "Tiramos a lição do caso Flamarion (ex-governador de Roraima, Flamarion Portela)", disse. O ex-governador foi eleito pelo PSL, filiando-se posteriormente ao PT. No ano passado, já sem partido, teve sua candidatura cassada por abuso econômico de poder. Outra lição que a legenda aprendeu, disse Genoino, durante coletiva de uma hora sobre as duas décadas e meia de existência do PT - na qual não faltou bolo (com uma estrela gigante de morangos) nem champanhe - é que o marketing político, apesar de importante, não substitui o papel dos militantes. Nas eleições passadas, principalmente nas grandes cidades, as campanhas petistas se caracterizaram por ações de marketing e com pouca presença da militância nas ruas. "O PT aprende com a sua própria vida. Tudo no partido a gente aprendeu com muita dor. Às vezes, chorando derrotas."

Para Genoino, o PT vive hoje um bom momento. Desde 2003 - ano em que seu principal fundador, Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu a Presidência da República - o número de filiados dobrou, chegando à marca dos atuais 840 mil. "Respeitamos as dissidências, mas discordamos dos que deixaram o partido porque há espaço para lutar dentro do PT", frisou o presidente petista, ao comentar a recente saída de 113 militantes. "Não comemoramos a saída de ninguém. Mas eles (os dissidentes) não representam a força da militância", destacou Genoino, acrescentando, porém, que "o PT não é dono da verdade".

A relação com os movimentos sociais também não ficou de fora do balanço petista. "Somos parceiros no objetivo geral, mas taticamente temos diferença", destacou Genoino sobre a atual relação da legenda com movimentos que deram origem à fundação da sigla. "Mas não temos dívida com eles", disse. "Somos filhos dos movimentos sociais. Jamais vamos dar as costas para eles."

Genoino e lideranças petistas como o senador Aloizio Mercadante negaram que o aniversário de um ano do caso Waldomiro Diniz - no domingo - tenha pesado na decisão da direção do PT de deixar para o mês que vem as principais atividades do 25.º aniversário. "Acho que nos últimos 25 anos é a primeira vez que o carnaval cai no início de fevereiro. Tem jornalista que não respeita a cultura popular, mas esse partido respeita", disse Mercadante.