Título: Míssil norte-coreano pode atingir alvos no Alasca e Havaí
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2005, Internacional, p. A13

A Coréia do Norte tem um míssil de longo alcance, o Taepo Dong 2, capaz de cruzar 8 mil quilômetros e atingir alvos americanos no Havaí e no Alasca. A frota ainda é pequena, formada por 10 lançadores. Uma nova unidade sai das instalações subterrâneas de Kanggye a cada 90 dias. Há cinco diferentes tipos de mísseis em produção em quatro centros industriais. As forças coreanas teriam também de 8 a 18 armas nucleares em seu arsenal estratégico, segundo relatório da Comissão de Assuntos Internacionais da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, assinado pelo relator Benjamin Gilman.

Em segredo, míssil e ogivas foram feitos um para o outro e é com a ameaça representada por ambos que o regime do ditador Kim Jong-il está intimidando o mundo.

A ogiva Taepo Dong 2 pode ser armada com outras cargas, químicas ou biológicas. Especialistas europeus acham que o sistema de guiagem é pouco preciso, determinando erros de até 8 mil metros em relação ao centro do alvo.

É uma pobreza enganosa. Se dois ou três mísseis atingirem a área pretendida com o tipo de carregamento de alto poder para o qual foram desenvolvidos a destruição chegará a 40 quilômetros do ponto de impacto.

É uma arma cheia de segredos. O respeitado Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres (IIEE), estima que o peso do carregamento de ataque seja limitado a apenas 250 quilos. O Pentágono acredita que o míssil de três estágios, 35 metros de comprimento e 64 toneladas, transporta artefatos pelo menos 800 quilos.

FABRICANTE

A Coréia do Norte construiu ou modernizou nos últimos 15 anos, cerca de 1.150 mísseis com alcances que variam entre 75 e 8 mil quilômetros. Vendeu 400 deles - os mais simples - para países como Iraque, Irã, Síria, Líbia, Paquistão, Egito, Iêmen e Sudão.

De acordo com o IIEE, só com a revitalização e a expansão da capacidade de velhos modelos Scud A/B/C, russos, o governo de Pyongyang faturou US$ 560 milhões, o suficiente para manter um programa de desenvolvimento e construção de novos mísseis.

Além das três variantes do Scud, o Exército norte-coreano conta com o Taepo Dong 1, preparado para atingir objetivos estratégicos na Coréia do Sul e no Japão. Há ainda o No Dong, versão móvel transportada por carretas blindadas.

De acordo com o North Korea Advisory Group, do governo americano, estão em desenvolvimento acelerado na fábrica de Chunggye-tong, onde é feita a integração de todas as partes dos mísseis, configurações leves para serem lançadas a partir de plataformas montadas em navios.

Kim Jong-il comanda o terceiro maior Exército do planeta: 1,16 milhão de homens, mais 4,7 milhões em regime de reserva especial, prontos para convocação em 48 horas.

O país é muito pobre, mas gasta 30% do PIB, estimado em US$ 22 bilhões, no orçamento de defesa. A força terrestre está em permanente reequipamento. A meta atual é renovar a frota de 3.500 tanques pesados. Até 2007 deverão ser incorporados outros 1.500 com canhões de 125 mm fornecidos pela China.

A aviação é fraca, equipada com 587 aeronaves das quais só 20 são MiG-29 razoavelmente modernos. Em agosto de 2004 o governo anunciou o início de um projeto para comprar 150 Sukhois-30, russos.