Título: China agora fica em situação difícil
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2005, Internacional, p. A14

Após anos tentando encontrar um meio termo entre os EUA e a Coréia do Norte, a China agora se encontra em uma difícil posição diplomática com o anúncio de Pyongyang de que possui armas atômicas e está suspendendo as negociações nucleares, disseram especialistas em política externa. Os líderes chineses insistentemente pediram ao restante do mundo, e especialmente aos EUA, mais paciência para com a Coréia do Norte. Pequim destacou que não estava claro se a Coréia do Norte tinha desenvolvido armas nucleares, apesar do crescente volume de informações do serviço de inteligência dos EUA dizendo o contrário.

Confrontado com o anúncio de Pyongyang, Pequim inicialmente reagiu com silêncio. Depois, em um comunicado divulgado pela chancelaria, disse esperar o prosseguimento das conversações entre seis países.

A declaração da Coréia do Norte deve pressionar o governo Bush e seus vizinhos asiáticos, entre eles sua aliada China, a mudar suas estratégias para conter um regime que os EUA consideram um perigoso exportador de armas e tecnologia nucleares.

Esta pode ter sido a exata intenção da Coréia do Norte com sua declaração, que foi caracterizada por seu valor impactante e pelo momento escolhido. A Coréia do Norte disse necessitar de armas nucleares como uma força de dissuasão contra uma possível agressão americana.

Há algum tempo os EUA suspeitavam que a Coréia do Norte possuía armas nucleares, mas a confirmação foi feita em meio a novas suspeitas de que o país estaria fornecendo material nuclear a outros Estados e uma renovada ofensiva dos EUA para persuadir a China a adotar uma posição mais dura com Pyongyang.

Kim Jong-il pode estar esperando que sua declaração force os EUA a considerarem uma posição mais branda, não uma mais dura. A secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, declarou que Pyongyang não tem motivos para acreditar em um ataque dos EUA.