Título: Venda de cosmético cresce 15,3% no ano
Autor: José Ramos, James Allen
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2005, Economia, p. B3

Os números sobre a produção industrial divulgados ontem pelo IBGE já refletem a leve recuperação da renda do trabalho, fato que pode ser comprovado com a listagem do segmento de perfumaria e cosméticos entre os que mais cresceram no ano, com uma alta de 15,3%. Este segmento faz parte do setor de bens não-duráveis, que cresceu 4% em 2004, com notável recuperação no fim do ano, puxada também pelas vendas da indústria alimentícia. É um setor que sofre mais o impacto das oscilações no rendimento do consumidor.

"Percebemos uma fantástica recuperação nas vendas durante o ano passado", confirma o presidente da Associação da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), João Carlos Basílio da Silva. Segundo ele, com mais dinheiro no bolso, o brasileiro ampliou os gastos em produtos de beleza.

De acordo com a entidade, a venda de cremes para tratamento de cabelos, por exemplo, teve alta de 30% em 2004, a maior entre os bens fabricados no segmento, informa o executivo. Já os produtos considerados mais essenciais, como os de higiene pessoal, registraram crescimento menor, de 16%.

A demanda crescente levou a fabricante de cosméticos Niasi a cancelar as folgas dos funcionários em dezembro. "Trabalhamos de domingo a domingo para dar conta dos pedidos", conta a gerente de marketing da empresa, Soraia Ferretti.

Segundo ela, os meses finais de 2004, principalmente a partir de outubro, superaram as expectativas da companhia, que investiu no relançamento de algumas marcas e no desenvolvimento de produtos voltados para nichos específicos, como o público masculino e infanto-juvenil.

O setor de cosméticos e perfumaria está otimista para 2005 e espera crescimento nas vendas superior a 5%. "Não dá para repetir o desempenho do ano passado, até porque a base de comparação (o ano de 2003) foi baixa, mas vamos continuar crescendo", prevê Silva.

O presidente da Abihpec diz que o quadro pode ser revertido apenas se a política de arrocho fiscal mantida pelo Banco Central tiver impacto no nível de emprego. "Quando o consumidor começa a ouvir falar mais em demissões do que em contratações, ele fica cauteloso e reduz seus gastos."