Título: Palocci festeja recuperação industrial
Autor: José Ramos, James Allen
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2005, Economia, p. B3

O crescimento da produção industrial em dezembro, apontado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi comemorado pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Ele acha que o resultado confirma 2004 como marco da mudança no padrão de crescimento e acredita que a expansão vai continuar. "O ano passado foi de forte crescimento da indústria no comparativo com os últimos 20 ou 30 anos", afirmou, durante entrevista sobre a nova Lei de Falências. Entre os pontos destacados por Palocci está a recuperação da produção no último mês do ano, que corrigiu a queda no mês anterior. Ele chamou a atenção para o fato de que agora a expansão chegou aos setores de bens semiduráveis e não-duráveis. Nos anos anteriores, o crescimento se restringiu aos bens duráveis. "Isso mostra que o Brasil está se recuperando de maneira equilibrada, natural."

Palocci destacou o fato de que essa recuperação da economia foi obtida de forma natural, com instrumentos clássicos de política macroeconômica. "Nós não forçamos nenhum processo", afirmou, em referência indireta às pressões de políticos e economistas que defendem medidas intervencionistas para apressar o crescimento da atividade e do emprego.

O ministro mostrou-se otimista em relação a 2005, e previu que será um ano de consolidação do crescimento da economia brasileira. Essa expectativa, segundo Palocci, foi reforçada pelas avaliações feitas em encontros internacionais, como o de Davos, no fim de janeiro. Segundo ele, as avaliações internacionais neste momento estão melhores do que as que foram feitas no final de 2004.

A seguir, outros pontos abordados por Palocci:

FMI

O Brasil não necessita de um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), e o governo só tomará uma decisão sobre uma eventual renovação em março. O País vem defendendo e vai continuar insistindo para que haja uma mudança institucional no FMI com a criação de instrumentos preventivos para os países sócios. Sobre o atual acordo, os membros da missão do Fundo que avaliaram as contas do País anteciparam parecer favorável. O resultado mais relevante obtido pelo País foi a redução da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

CARGA TRIBUTÁRIA

Palocci voltou a afirmar que não há aumento da carga tributária com a MP 232. Segundo ele, no ano passado foram tomadas 21 medidas de redução de impostos, e não se pode considerar uma medida isolada como o reflexo de todo o processo. A MP 232 "é um ajuste para cima", mas "a carga (tributária) foi reduzida com o conjunto de medidas". Se existem aspectos polêmicos, o governo está disposto a dialogar. Palocci prometeu acelerar a votação do que resta da reforma tributária.

TJLP

O ministro da Fazenda disse que "são comentários" as manifestações do secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, a favor de que a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) siga os aumentos da taxa básica de juros, a Selic. "A sistemática de cálculo tem sido mantida, e se tem sido mantida este é o pensamento do Conselho Monetário Nacional até o momento." Mas o ministro considerou natural a reflexão feita por Levy.

INDEXADOR

Palocci negou que a Fazenda esteja estudando a substituição do IGP-DI pelo IPCA como indexador dos contratos das empresas de telecomunicação e energia elétrica, por exemplo. "Contratos de longo prazo devem ser constituídos a partir de indicadores atualizados."