Título: ETA explode carro perto de local onde rei iria: 43 feridos
Autor: Associated Press, Reuters e AFP
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2005, Internacional, p. A12

Mesmo assim, Juan Carlos e o presidente do México, Vicente Fox, inauguram depois uma exposição MADRI - Um carro-bomba explodiu ontem perto de um centro de convenções em Madri, ferindo 43 pessoas, horas antes de o rei Juan Carlos e do presidente mexicano, Vicente Fox, assistirem a uma cerimônia no local. Uma pessoa que disse representar a proscrita organização separatista basca ETA (Pátria Basca e Liberdade) telefonou ao jornal basco Gara para advertir sobre o atentado.

A explosão ocorreu às 9h35 (6h35 de Brasília), duas horas depois da captura de 14 membros da ETA e uma semana após o Parlamento espanhol rejeitar um plano apresentado pelo presidente do País Basco, Juan José Ibarretxe, para obter a virtual independência da região autônoma.

Este foi o pior ataque na capital desde os atentados de 11 de março de 2004 contra trens em Madri, que mataram 191 pessoas e cuja autoria foi reivindicada por um grupo que disse atuar em nome da rede Al-Qaeda.

Apesar da explosão do carro-bomba, o rei Juan Carlos e o presidente mexicano inauguraram a Feira de Arte Contemporânea de Madri (Arco), em meio a um grande dispositivo de segurança.

O carro-bomba, com 35 quilos de cloratita, explosivo habitualmente usado pela ETA, foi deixado diante de um prédio de cinco andares da empresa francesa de computação Bull, que teve vidros destruídos. Entre os feridos - a maioria com pequenos cortes e problemas de audição - estão funcionários da empresa e policiais que vigiavam o local.

O primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, que realiza uma visita à Polônia, declarou: "Quero dizer aos terroristas da ETA e aos que a apóiam que não cabem na sociedade política nem na sociedade civil. Que as bombas somente levam à prisão e o futuro do País Basco, no conjunto da Espanha, será construído apesar deles."

A classe política espanhola condenou o atentado, enquanto o proscrito Partido Batasuna, braço político da ETA, assegurou que os pedidos para que condene os ataques "são posições do passado".

No fim do mês passado, Zapatero afirmou que não tinha "nenhuma negociação aberta com a ETA", respondendo a especulações da imprensa nesse sentido depois de a organização armada manifestar em um comunicado sua "disposição e vontade absoluta" de iniciar um processo para solucionar o conflito basco por meio do diálogo político.

O jornal espanhol conservador ABC publicou ontem que a ETA exige do governo espanhol a libertação de 700 presos para depor as armas. Até o final de 2004, havia 717 membros da ETA presos em 47 prisões espanholas. Na França, há 153 etarras em 28 prisões.