Título: Ação no País é de seleção, não de recrutamento
Autor: Roberto Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2005, Internacional, p. A13

Os brasileiros fichados pelos alemães Frank Guenter Salewski e Heik Helmut Seiboldt para eventualmente trabalhar no Iraque não são soldados mercenários. Caso sejam contratados, vão trabalhar como seguranças de prédios e instalações. Não cumprirão tarefas militares. A barreira do língua é uma dificuldade adicional para a atribuição de tarefas mais sofisticadas. Entre os candidatos poucos falam inglês e entre esses é pequeno o número dos que são fluentes no idioma - um requisito indispensável. O procedimento de cadastramento atribuído à empresa americana Inveco International - monitorado pela a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) há pouco mais de dois meses - "é apenas uma qualificação prévia que só será ativada caso a corporação venha a ser contratada para prestar os serviços", disse ao Estado o ex-coronel austríaco Paul Stein, diretor da agência americana Phoenix, especializada no recrutamento de militares profissionais de várias partes do mundo.

Stein utiliza o Rio de Janeiro há 20 anos como base para realizar reuniões de grupos de mercenários sob contrato da Phoenix. O Brasil não tem legislação referente a esse tipo de atividade. O austríaco Stein é conhecido como Black, coronel Black ou capitão Paul Black. Para comunicar-se com seus recrutados ele utiliza anúncios classificados pessoais nos quais faz contar como código de validação as palavras "black" e "fortune", alusão aos mercenários também chamados de soldados da fortuna.

Com experiência em combate acumulada desde os anos 60 nas guerras das novas nações da África, na guerrilha da América Central e na luta civil de países como o Suriname e a Colômbia, ele garante ter enviado para Bogotá, em julho do ano passado, por meio da empresa DynCorp - uma organização privada dos EUA freqüentemente associada ao Pentágono -, "três ou quatro ex-pilotos da Força Aérea Brasileira (FAB). O time está cumprindo uma missão de instrução em pousos e decolagens críticas com grandes aviões C-130 Hércules".