Título: Israel reabre fronteira e levanta bloqueio
Autor: AP, Reuters, DPA e AFP
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2005, Internacional, p. A14

Um dia após a trégua, palestino é morto ao aproximar-se de colônia judaica JERUSALÉM - Um dia depois de os líderes palestinos e israelenses se comprometerem com um cessar-fogo, Israel reabriu ontem o posto de controle de Erez, na fronteira da Faixa de Gaza, permitindo a entrada no país de mais de mil trabalhadores e comerciantes palestinos. Mas ontem ocorreu também a primeira baixa após a trégua: um palestino de 20 anos foi ferido ao aproximar-se de uma colônia judaica na Faixa de Gaza e morreu horas depois. Militares israelenses disseram ter disparado antes tiros de advertência, por suspeitar de um ataque. Não ficou claro se o homem planejava mesmo atacar a colônia.

Pouco antes, o presidente palestino, Mahmud Abbas, havia anunciado que Israel eliminará as restrições a viagens de palestinos em algumas partes da Cisjordânia e removerá vários bloqueios. Um militar israelense confirmou a informação. Além disso, conforme ficou acertado na cúpula de terça-feira, no balneário egípcio de Sharm el-Sheik, Israel retirará seu Exército de Belém, Jericó, Tulkarem, Nablus e Qalqiliya dentro de três semanas.

Abbas planejava ir ainda ontem à noite a Gaza para uma nova rodada de negociações com os líderes dos grupos radicais islâmicos Hamas e Jihad Islâmica.

Na terça-feira esses grupos deixaram claro não estar comprometidos com a trégua pactuada por Abbas e o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon. Abbas também enviou um emissário ao Líbano para dialogar com os dirigentes do grupo xiita libanês Hezbollah, disseram fontes na Autoridade Palestina (AP). Funcionários da AP disseram temer que o Hezbollah tente minar o processo de paz. O governo israelense acusa o Hezbollah de dar apoio a militantes radicais palestinos.

Em Jerusalém, o porta-voz do governo, Ranaan Guisin, anunciou que um segundo encontro entre Sharon e Abbas poderá ocorrer dentro de alguns dias ou semanas na fazenda de Sharon, no sul de Israel. O chanceler palestino, Nabil Shaath, afirmou que a visita deve ter lugar dentro de uma semana. Um outro assessor de Sharon comentou que ele está disposto a aceitar o convite de Abbas para se reunir com ele em Ramallah.

Ainda ontem, o governo britânico confirmou que enviados do quarteto para o Oriente Médio (EUA, ONU, Rússia e UE) participarão da conferência palestina em março em Londres, que tratará das reformas no governo palestino e a ajuda econômica à AP.

O governo israelense expressou sua satisfação com a decisão do Egito e da Jordânia de voltar a enviar seus embaixadores a Israel.