Título: Mantega não apóia a 'flutuação'
Autor: James Allen
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2005, Economia, p. B1

Proposta de Levy será 'ineficiente contra a inflação', afirma BRASÍLIA - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, é contra o aumento da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) junto com a taxa básica de juros (Selic), como defende o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy. Para o secretário, a flutuação asseguraria maior eficiência da política monetária no controle de preços. Mantega disse ao Estado que a medida seria ineficaz no combate à inflação. "Faz todo o sentido manter a TJLP com trajetória própria", pois seu papel é assegurar o aumento dos investimentos e, com ele, o aumento da oferta na economia. Se houvesse um atrelamento das duas taxas, avalia Mantega, a economia estaria num círculo vicioso, pois o efeito da Selic é diminuir o consumo. "A diminuição do consumo e do investimento impediria o aumento da oferta e a retomada do crescimento", afirma. "A equação mais adequada para combater a inflação é o aumento da oferta." Mantega lembrou que a TJLP é calculada com base na taxa de risco do País e na expectativa de inflação. "Como há tendência de queda da inflação, há expectativa de uma TJLP menor, pois o risco país vem caindo. Ao manter a TJLP na tendência de queda, o futuro dos investimentos não estará comprometido, mesmo que a Selic seja elevada", explicou.

Mantega lembrou que há uma grande demanda de empréstimos para investimentos no BNDES. E, a seu ver, a TJLP poderia estar até menor do que a atual, de 9,75%, por volta de 9%. "Com uma ligeira redução." A proposta de Levy, acredita o presidente do banco, é uma opinião pessoal, já que ele não tem voto no Conselho Monetário Nacional (CMN). E, a seu ver, o CMN não tem a visão do secretário, porque na reunião anterior a Selic foi aumentada, mas a TJLP permaneceu no mesmo patamar.