Título: Bons sinais no mercado de capitais
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2005, Economia, p. B2

O ano de 2005 poderá ser marcado por um crescimento incomum do mercado de capitais. Em janeiro, em geral, não se registra na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um grande volume de ofertas públicas, mas, neste ano, até o dia 3 de fevereiro, entre ofertas registradas e ofertas em análise, a CVM tinha operações num total de R$ 10,275 bilhões, fora as relativas aos Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs). Em 2004, os registros da CVM somaram R$ 26,5 bilhões. Neste início do ano, o total das ofertas públicas de debêntures, já registradas ou em análise, foi de R$ 8,795 bilhões, enquanto em todo o exercício de 2004 foi de R$ 9,6 bilhões. Os dados relativos às ofertas públicas de ações em análise ainda não foram divulgados, mas tudo indica que serão significativos.Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), já com R$ 433 milhões, ultrapassaram o total das emissões registradas em 2004.

Diversos fatores explicam essa reação tão positiva do mercado de capitais. A alta da taxa de juros é certamente o fator mais importante,especialmente num momento em que os fundamentos da economia são favoráveis e justificam a realização de investimentos para aumentar a produção ou para melhorar a produtividade. A captação de poupança pelo mercado de capitais se torna mais barata do que a tomada de empréstimos às taxas exigidas pelos bancos.

No ano passado, os investimentos diretos estrangeiros somaram US$ 18,2 bilhões (valor inflado pela operação Ambev), ante US$ 10,1 em 2003. Mas não se deve esquecer que os investimentos estrangeiros em ações tiveram um saldo negativo de US$ 3,9 bilhões (que, em 2003, foi positivo em US$ 5,1 bilhões) e que a conta capital e financeira terminou o ano com saldo negativo de US$ 7,3 bilhões, devido a grandes amortizações. A forte valorização do real ante o dólar é vista com cautela nos meios empresariais, que temem que, a prazo médio, essa valorização não se sustente. Consideram, assim, que é muito alto o risco cambial.

Outro fator importante para a expansão do mercado de capitais é o crescimento do mercado secundário, ativado pelas ações dos bancos, que oferecem, além de boa liquidez, a perspectiva de valorização dos papéis em bolsa.

Cabe às empresas acompanhar com cuidado esse mercado e saber que terão de seguir uma política de boa distribuição de dividendos para atrair mais investidores.