Título: Problemas começaram na fusão com a Compaq
Autor: Renato Cruz, com agências internacionais
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2005, Negócios, p. B12

O desentendimento entre Carly Fiorina e o conselho da HP começou há mais de três anos, durante a compra da Compaq. Os críticos da fusão incluíam a família dos fundadores da empresa, William Hewlett e David Packard. Walter Hewlett, filho de William, considerava que a HP estava pagando demais pela Compaq e não tinha condições de enfrentar os riscos trazidos pela união das empresas. A Compaq foi comprada por cerca de US$ 19 bilhões. Durante a gestão de Fiorina, a HP perdeu a liderança no mercado de microcomputadores para a concorrente Dell Computer. Os críticos da fusão acreditavam que as margens da divisão de computadores não iria melhorar com o aumento de seu tamanho. Os resultados de 2004 mostraram que estavam certos. Para vendas de mais de US$ 24 bilhões em PCs, os lucros somaram US$ 210 milhões. Na divisão de impressoras, por outro lado, um volume similar de vendas resultou em ganhos de US$ 3,85 bilhões.

Nos últimos seis meses, a situação foi particularmente conturbada. Em agosto, a companhia divulgou resultados do terceiro trimestre abaixo do esperado, o que fez suas ações despencar. Mesmo depois de os resultados do quatro trimestre ficarem de acordo com o esperado, a pressão para uma cisão das operações de impressora foram tão grandes que Fiorina reconheceu a analistas de Wall Street, em dezembro, ter debatido três vezes com o conselho uma divisão da HP, mas decidiu não fazê-la.

Presente no Brasil desde 1967, a HP tem fábricas em Sorocaba, Jaguariúna e Campinas (SP) e escritórios em 11 cidades brasileiras. Em agosto do ano passado, Fiorina esteve no Brasil, quando se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.

Formada em História Medieval e Filosofia por Stanford, Fiorina é casada há mais de 20 anos com Frank, ex-executivo da AT&T e hoje aposentado. Ele chegou a iniciar o curso de Direito na Universidade da Califórnia em Los Angeles, mas desistiu. Antes de ingressar na AT&T (ver ao lado), Fiorina ensinou inglês na Itália e chegou a trabalhar como recepcionista. Ela tem mestrado em Administração pela Universidade de Maryland e mestrado em Ciências pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT).