Título: Paulo Barros, o carnavalesco que renovou desfiles
Autor: Luciana Nunes LealBeatriz Coelho Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2005, Cidades, p. C3

Na Unidos da Tijuca, ex-comissário de bordo repete o segundo lugar de 2004 RIO - Nascido em Nilópolis, na Baixada Fluminense, 42 anos, ex-comissário de bordo, mas sempre ligado a escolas de samba, o carnavalesco da Unidos da Tijuca, Paulo Barros, é considerado um renovador do carnaval carioca, quando se pensava que mais nada de novo surgiria no desfile do Grupo Especial. Foi assim em 2004, quando ele estreou entre as grandes agremiações e levou a Unidos da Tijuca ao vice-campeonato. Aconteceu outra vez agora, quando ficou atrás da Beija-Flor por 0,1 ponto, no quesito alegoria. Seu estilo é o contrário do que Joãosinho Trinta criou nos anos 70, quando Paulo era cria do barracão da Beija-Flor de Nilópolis. Em vez de investir em alegorias luxuosas e grandiosas, que viraram padrão com a construção do sambódromo, dá destaque aos componentes, sempre organizados em originais coreografias e dramatizações do enredo. Um estilo que começa a virar moda.

"Acho espetacular que isso aconteça, embora a dramatização e a coreografia de alas sejam antigas. O carnaval precisa contagiar o público e estava muito chato", disse ele, no sambódromo, pouco antes de saber-se vice. "Mas é bom que cada carnavalesco crie seu estilo. Afinal são 14 escolas e seria bom que cada uma se apresentasse de um jeito diferente."

Este é o 12.º carnaval de Paulo Barros que, antes da Unidos da Tijuca, fez o Paraíso do Tiuiti, o Arranco, a Vizinha Faladeira, escolas de diversos grupos de acesso. Em 2004, surpreendeu com o carro em que 123 pessoas faziam a coreografia da cadeia do DNA.

"Este ano houve vários momentos como esse, o abre-alas, os carros dos dráculas e do purgatório e a ala dos mortos-vivos. A idéia era não dar tempo ao público de respirar e mostrar que a vitória da Tijuca em 2004 não se deveu só ao DNA."

Paulo Barros, porém, divide os louros com o presidente Fernando Horta: "Ele respeitou meu trabalho." E com a comunidade do Morro do Borel. "Me ensinam muito. Deu certo porque contei com sua garra e empenho. A escola sempre foi ótima, o que fiz foi limpar os enredos pesados."

A comparação com Joãosinho o faz feliz, mas ele não se deixa levar pela vaidade. "Me cobro sempre. Sou até chato", disse ele, que evitou falar do futuro. "Só quero descansar. Sempre quero provar para mim mesmo que posso melhorar e, por isso, mato um leão por ano."