Título: Indústria estima queda de até 6% no preço final
Autor: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/02/2005, Nacional, p. A7

O pãozinho francês poderá ficar até 4% mais barato ao consumidor e o preço da farinha de trigo ter uma queda de 6% no Estado de São Paulo por conta da decisão do governo do estadual de reduzir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 7% para 0% desses produtos. Os cálculos são do presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Samuel Hosken, que comemorou a medida. "A isenção do imposto deverá ampliar o consumo, a produção, o investimento e o emprego no setor e reduzir a sonegação", diz o empresário. O consumo anual de farinha de trigo no País é de 7,5 milhões de toneladas e São Paulo é o Estado que mais utiliza a matéria-prima que, nas suas contas, representa entre 30% e 40% do custo do pão.

Já o presidente do Sindicato da Indústria de Panificação no Estado de São Paulo, Frederico Maia, diz que é cedo para calcular o impacto da medida nos preços. "Pode ocorrer redução, mas será mínima e vai depender do reflexo que terá na cadeia do trigo."

Ele pondera que a maioria das padarias está enquadrada no sistema de tributação do Simples e, portanto, o ICMS de todas é cobrado sobre o faturamento. Isso torna difícil, segundo ele, quantificar a redução no preço final do pão. Maia destaca, no entanto, que a medida atende principalmente a indústria moageira do Estado de São Paulo que, por causa de isenções tributárias concedidas por outros Estados, ampliou a compra da farinha de trigo mais barata de outras unidades da Federação.

Na pizza, tradicional prato do paulistano, o impacto será reduzido. Glaucimar José da Silva, dono da Tutti Pizza, com duas pizzarias na capital, acredita que poderá reduzir em até R$ 1 o preço da pizza de mussarela, hoje vendida por R$ 12. "A farinha de trigo representa muito pouco do custo, cerca de 10%. O que mais pesa é o recheio e o ideal era que tivesse isenção tributária a mussarela."

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria, Marcos Salomão, concorda com Maia é diz que é cedo para medir o impacto da medida. Para ele, por conta da adoção ao Simples, só as padarias médias e grandes serão beneficiadas.

"O mercado é muito competitivo e vai ditar o comportamento dos preços", diz Salomão. Ele lembra que o preço do pão está estabilizado há cerca de 3 anos. "Tivemos alta dos preços administrados, mas não encontramos forma de repassar a alta de custos para o consumidor."

Hoje cada brasileiro consome anualmente 28 quilos de pão por ano. Em São Paulo, essa média é maior, chega a 35 quilos anuais, que está muito abaixo do consumido por países vizinhos como Chile, com 90 quilos, e Argentina, 80 quilos.