Título: Ex-ministro foi demitido antes de aplicar plano
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2005, Nacional, p. A5

Enquanto o novo ministro, Romero Jucá (PMDB-RR) chega animado e falando em novo pacote de medidas para recuperar a Previdência, o ex-ministro Amir Lando (PMDB-RO) se diz frustrado por não ter conseguido levar adiante o seu próprio plano - agora anunciado, com mínimas alterações, pelo sucessor. "Tenho a frustração de ter concebido um plano para melhorar a Previdência há meses e não ter tido a oportunidade de aplicá-lo", disse ele ao Estado, ao voltar ao Senado. A essa queixa, Lando acrescentou outra: a de ter suportado em silêncio os ataques a uma idéia que nem era sua: a de aumentar a contribuição previdenciária para cobrir parte do rombo no setor. Mas ele acredita que isso é parte do jogo: "Não tenho medo de assumir idéias do governo, mesmo quando a autoria não é minha. Depois de lembrar que "na política é fatal: todos os que sobem descem", Lando afirmou que os seis meses finais que passou como ministro foram "um longo processo de mortificação, um holocausto cruel e inútil para ambas as partes, seja o governo ou o ministro". Ele diz ter passado, nesses meses, "por essa via crucis purificadora, da imagem inicial de vilão à figura de vítima". Ainda assim, comentou algumas lições que aprendeu durante sua passagem pelo Ministério: "A ação do governo deve ser cautelosa no sentido de entender a complexidade do momento. É hora de abolir os confrontos acessórios. Tem que haver um ajuste entre o que o governo quer e o que o Congresso é agora." Para ele, "é preciso ter discernimento, equilíbrio e conhecimento da riqueza das circunstâncias".