Título: Palocci mantém suspense sobre FMI
Autor: Rita Tavares, André Palhano
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2005, Economia, p. B3

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, foi lacônico ao ser questionado quando o governo anunciará sua decisão sobre renovar ou não o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). "Semana que vem", disse Palocci, após participar, no Palácio do Planalto, da solenidade em que o ministro da Previdência, Romero Jucá, anunciou medidas destinadas a melhorar as contas da Previdência. O prazo informado pelo ministro não traz nenhuma novidade. O atual programa do Brasil com o Fundo termina dia 31, quinta-feira da semana que vem. Nesta semana, a diretoria do Fundo aprovou a última revisão das contas brasileiras e liberou uma parcela de aproximadamente US$ 1,4 bilhão, de um empréstimo no valor total de US$ 41,7 bilhões. O Brasil não sacou os recursos. Terminado o programa, o governo terá então de decidir se faz ou não um outro acordo.

Mesmo que a resposta seja "não", como defende a maior parte dos integrantes da área econômica, nada impede que o Brasil negocie um novo empréstimo mais adiante.

Os dirigentes do FMI já deixaram claro que não vêem nenhum empecilho a que o País tenha um novo socorro da instituição, caso julgue necessário.

Os defensores de um novo acordo com o FMI acham que essa seria uma boa maneira de o Brasil se proteger de turbulências no front internacional.

A deterioração do cenário externo foi um ponto central da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que decidiu, na semana passada, fixar a taxa de juros em 19,25%. O ponto central é o risco de aceleração da inflação nos Estados Unidos, na Europa e na China.

No entanto, a avaliação mais freqüente é que a economia brasileira está em boas condições e pode se sustentar sem um acordo com o Fundo. O ideal, do ponto de vista da equipe econômica, seria o Fundo ter um mecanismo de rápido acesso, para que países em dificuldades conseguissem dispor de recursos em caso de crise sem ter de enfrentar uma negociação demorada.