Título: Governo sabia de denúncias contra ministro
Autor: Christiane Samarco, João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2005, Nacional, p. A5

PMDB informou Dirceu sobre pendência judicial envolvendo Romero Jucá

BRASÍLIA-O Palácio do Planalto não foi pego de surpresa com a denúncia contra o novo ministro da Previdência Social, senador Romero Jucá (PMDB-RR), apontado como sócio da empresa Frangonorte, que tomou empréstimo no Banco da Amazônia (Basa), oferecendo como garantia sete fazendas inexistentes no interior do Amazonas. Antes de escolher o sucessor de Amir Lando (PMDB-RO) no ministério da Previdência, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, pediu à cúpula do PMDB que informasse ao governo as velhas e novas pendências judiciais envolvendo o nome do senador. O "dossiê Jucá", enviado a Dirceu, incluiu processo movido pelo próprio senador contra o Basa no ano passado, por manter seu nome ligado à empresa Frangonorte, da qual havia se desligado há oito anos. Encarregado de fornecer as informações ao governo, o novo líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), dirigiu-se ao Planalto com cópias de quatro processos judiciais envolvendo o nome de Jucá. Segundo dirigente nacional do PMDB que acompanhou o caso, dois desses processos já haviam transitado em julgado com ganho de causa para o senador, um havia sido arquivado e o quarto, referindo-se à Frangonorte, era exatamente o que ele aparece como autor.

Romero Jucá limitou-se ontem a divulgar uma nota de esclarecimento. O texto de 15 linhas, assinado pela assessoria de comunicação do ministro, explica que as fazendas inexistentes mencionadas por jornal foram oferecidas ao Basa, como garantia, pelo novo proprietário da Frangonorte, Luiz Carlos Fernandes de Oliveira. Consta da nota apenas uma frase em aspas do ministro: "Deixei de ser sócio da empresa (um abatedouro de frangos na periferia de Boa Vista) há oito anos e, portanto, não tenho a ver com a sua gestão."

Segundo a assessoria do ministério, a reportagem publicada ontem pela Folha de S. Paulo, com o título "Novo ministro ofereceu sete fazendas para garantir empréstimo, mas propriedades não existem", parte de premissa equivocada. "O ministro Romero Jucá jamais foi proprietário de sete fazendas, portanto jamais poderia oferecê-las em garantia ao Banco da Amazônia", diz a nota ao explicar que a garantia foi dada pelo novo proprietário da Frangonorte, este sim dono das referidas áreas.