Título: Previsões indicam nova alta da inflação
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2005, Economia, p. B9

As expectativas de inflação não deram trégua e subiram pela quarta semana seguida na pesquisa feita com mais de 100 instituições financeiras, divulgada ontem pelo Banco Central. A nova alta fez as projeções pularem dos 5,80% da semana passada e alcançarem a marca dos 5,83%, maior porcentual estimado desde a segunda metade de novembro. Naquele período, as previsões de variação do IPCA estavam em 5,90%. O aumento deixou as previsões de inflação ainda mais distantes da meta de 5,1% perseguida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) neste ano. O pessimismo com relação ao comportamento dos preços acabou por levar os participantes do levantamento semanal do BC a adiar para setembro a previsão de retomada das quedas de juros pelo Copom. Pelos números da pesquisa anterior, os juros ficariam estáveis em 19,25% até julho e recuariam para 19% em agosto. Pelos dados divulgados ontem, a taxa de juros permanecerá inalterada em 19,25% até agosto e recuaria 0,50 ponto porcentual em setembro. Com isso, a taxa voltaria aos mesmos 18,75% ao ano do último mês de fevereiro.

Após a primeira redução, a taxa voltaria a recuar mais 0,5 ponto porcentuais em outubro e novembro. Com o alívio, os juros terminariam o penúltimo mês do ano em 17,75%. Em dezembro, a velocidade da queda se desaceleraria e recuaria só 0,25 ponto. A taxa de juros, em conseqüência, terminaria o ano em 17,50%.

Para 2006, as instituições acreditam que os juros terão um espaço de queda de 2,5 pontos. Com isso, os juros terminariam o governo Lula em 15% ao ano e atingiriam o seu menor valor nominal desde 1994, quando foi lançado o Plano Real.

O aumento da cautela com a condução da política de juros não chegou a provocar alterações nas estimativas de crescimento econômico para este ano e o próximo. Pelos dados da pesquisa semanal, o PIB teria neste ano um aumento de 3,67%. Apesar de estável, o porcentual projetado é inferior aos 3,70% estimados há quatro semanas e também veio abaixo dos 4% projetados pelo próprio BC ao final do ano passado. Para 2006, as previsões de expansão do PIB também não se alteraram e prosseguiram em 3,70%. Há quatro semanas, as instituições participantes da pesquisa trabalhavam com a hipótese de um crescimento econômico de 3,85%.