Título: Produtor do Sul terá ajuda de R$ 3,8 bi
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2005, Economia, p. B10

Os produtores agrícolas do Rio Grande do Sul prejudicados pela quebra histórica de safra na região poderão ser ajudados com cerca de R$ 3,8 bilhões em alongamentos de dívidas, disse ontem o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Segundo ele, a situação 'localizada e gravíssima' do Sul poderá levar o Brasil a uma safra ainda menor do que as 119 milhões de toneladas previstas logo após a quebra da produção gaúcha e que já representaria uma perda de 4 milhões de toneladas em relação ao resultado de 2004.

Em entrevista após a abertura do 5.º Seminário Internacional do Café, no Rio, Rodrigues disse que os produtores de áreas consideradas de calamidade pública por causa da quebra de safra, poderão ter alongadas dívidas relativas a investimentos financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em até R$ 3,5 bilhões.

Segundo ele, desse total, cerca de R$ 2 bilhões referem-se a programas como o Moderfrota e R$ 1,5 bilhão ao Finame especial, também vinculado ao BNDES.

Ele lembrou que as medidas de alongamento dessas dívidas já estão em vigor nos bancos parceiros do BNDES.

O ministro também explicou que serão deslocados cerca de R$ 1 bilhão para aliviar os problemas da agricultura familiar no Sul.

Ele acrescentou que estão sendo estudadas, ainda, duas outras medidas para aliviar a crise que ocorreu na safra gaúcha de grãos.

A primeira delas é uma solicitação de recursos de R$ 300 milhões feita ao Ministério da Fazenda, para elevar o capital de cooperativas que haviam emprestado recursos para a compra de insumos agrícolas no Sul. Os cooperados vão assumir a dívida com a cooperativa, que ficará devendo ao BNDES, o repassador dos recursos.

Outra medida será a solicitação de recursos orçamentários para a comercialização de produtos como arroz e trigo, que podem vir a ter problemas de distribuição no Sul e em outras Regiões.

Sobre a estimativa para a safra 2005, o ministro acredita que ela ainda poderá ser 3 milhões de toneladas menor do que os 119 milhões previstos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) após a quebra da safra no Sul.

Segundo ele, o volume poderá ser menor por causa da seca que ainda não foi totalmente controlada no Rio Grande do Sul e também pela perspectiva de queda na safrinha do milho. No ano passado, a safra atingiu 123 milhões de toneladas.

Rodrigues afirmou que essa queda na safra, porém, não deverá ter fortes conseqüências sobre o volume financeiro das exportações agrícolas, pois os preços da soja subiram nos últimos dois meses e há também alta na cotação de produtos como café e suco de laranja.?