Título: Saldo pode ser igual ou até superior a 2004
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2005, Economia, p. B12

O superávit comercial brasileiro este ano poderá igualar ou mesmo superar o resultado do ano passado (US$ 33,7 bilhões). O forte desempenho do comércio exterior no primeiro trimestre do ano está provocando uma nova rodada de revisões de projeções. A Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) deverá rever nos próximos dias sua estimativa de US$ 29 bilhões para um valor entre US$ 31 bilhões e US$ 33 bilhões. Na avaliação do Unibanco, o saldo do ano passado deverá ser ultrapassado. "Você pode ter realmente um saldo bem próximo do valor no ano passado", comentou o economista da Funcex, Fernando Ribeiro. A projeção da Funcex, feita no fim do ano passado, era considerada otimista, porque estava acima da média do mercado. Já nas últimas quatro semanas, a previsão média de superávit das instituições financeiras captadas pelo Boletim Focus do Banco Central (BC) para 2005 saltou de US$ 27,9 bilhões para US$ 29 bilhões, conforme a pesquisa divulgada ontem. Um grupo de instituições já trabalha com um nível superior.

Ribeiro explica que o comércio mundial está melhor do que o esperado na virada do ano. "As exportações continuam crescendo a um ritmo forte e os preços não caíram tanto." Ele cita o impacto favorável da alta de preços do minério de ferro e derivados e explica que os efeitos da quebra da safra agrícola na Região Sul serão compensados pelo avanço nas exportações de manufatura, além de outros itens, como o próprio minério.

A previsão do Unibanco para o superávit comercial brasileiro, por exemplo, ainda está em US$ 28 bilhões, mas será revista até o início de abril. O economista do banco Maurício Oreng comenta que, provavelmente, a estimativa ficará acima dos US$ 33 bilhões. Além do crescimento da economia mundial e dos preços, Oreng analisa que parece que há, de fato, uma espécie de mudança estrutural, decorrente da maior entrada das empresas brasileiras nas exportações, com ganhos de competitividade.

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) vai recalcular as projeções apenas em meados do ano. O vice-presidente da entidade, José Augusto de Castro, reconhece, contudo, que com base nos últimos dados da balança comercial seria razoável considerar que o saldo pode chegar perto dos US$ 30 bilhões este ano. Em dezembro, a AEB havia estimado um valor de US$ 26,56 bilhões. Ele explica que os manufaturados vêm mantendo ritmo forte de vendas externas, que os preços agrícolas caíram mas tiveram alguma recuperação e as importações crescem menos do que o previsto, porque a demanda interna não avançou conforme esperado inicialmente.