Título: Brasileiros nos EUA: senador pedirá CPI sobre agenciadores
Autor: Renato Alves
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/03/2005, Metrópole, p. C4

Hélio Costa vai apresentar pedido de investigação em sessão conjunta do Congresso na terça-feira

O Congresso deverá investigar esquemas de entrada ilegal de brasileiros nos Estados Unidos. O senador Hélio Costa (PMDB-MG) vai pedir na terça-feira a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre a ação de agenciadores que cobram até R$30 mil para facilitar a entrada de brasileiros no país pela fronteira com o México. Costa fará o pedido de abertura da CPMI da Imigração Ilegal em sessão conjunta do Congresso. "Jovens estão sendo aliciados por verdadeiros profissionais", alegou. A Polícia Federal já está investigando quadrilhas que agem em Minas. Um dos suspeitos de agenciar viagens, o prefeito de São Félix de Minas, Wanderley Vieira de Souza (PT), deve prestar depoimento na PF esta semana.

Costa lembrou casos como o de Maria Raimunda Ribeiro, de 54 anos, de Poços de Caldas (MG), morta há quatro meses no deserto do México ao tentar a travessia ilegal. " O governo faz muito pouco. Nosso consulado em Houston, por exemplo, tem só um funcionário para atender às pessoas presas. É muito pouco para um consulado que tem renda mensal de US$ 350 mil a US$450 mil, obtida com a emissão de vistos para que americanos possam entrar no Brasil."

O senador Marcelo Crivella (PL-RJ), que também tem se dedicado à questão da diáspora brasileira, acredita que o governo pode negociar com os EUA medidas que beneficiem os emigrantes se controlar o fluxo de turismo para o México - hoje não é necessário visto para entrar no país. "Se esse acordo for modificado, passando a obrigatório o visto, estaríamos dificultando a ação dos agentes criminosos que iludem os brasileiros", disse.

Com essa modificação, o senador acredita que será possível reivindicar dos EUA a ampliação da oferta de vistos para postos de trabalho temporários no país. Hoje são concedidos por ano 6 mil vistos, por meio de uma loteria, mas Crivella acredita que esse número possa subir para 30 mil. "É um programa que já existe e dá legalidade na permanência em solo americano. Porém, o sistema é pouco procurado pela população."

Crivella visitou brasileiros presos nos EUA em fins do ano passado e disse que ouviu relatos "assustadores". "Os mais freqüentes são de pais brutalmente separados de filhos, mulheres estupradas e roubo de documentos e dinheiro", disse. "Precisamos criar um sistema mais humano. Hoje, os únicos beneficiados com a travessia ilegal são coiotes (agenciadores)."