Título: Desemprego e tráfico são os maiores problemas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 27/03/2005, Metrópole, p. C6

Falta trabalho para 15,7% da população ativa e dívida do município chega a R$ 335 milhões

Em que pesem a diminuição no número de homicídios, o melhor índice do Estado na abertura de vagas no mercado de trabalho e uma pesquisa indicando que 89,9% dos moradores não querem se mudar, inclusive pela diminuição da violência, Diadema tem 15,7% de desemprego e uma dívida municipal consolidada líquida de R$ 335 milhões - fora o que devem as empresas de economia mista. A dívida de curto prazo é de R$ 20 milhões. O último número disponível do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) - 0,79, em 2000 - a colocava no 245.º lugar entre os 645 municípios do Estado. A prefeitura acredita que ele tenha melhorado de lá para cá. Segundo a secretária de Defesa Social, Regina De Luca Miki, o problema social mais grave continua sendo a presença do tráfico de drogas. A prefeitura procura atenuá-lo em programas sociais de prevenção, como Projeto Adolescente Aprendiz, onde 1.038 estudantes de 14 e 15 anos recebem educação profissionalizante e uma bolsa de R$ 130,00 mensais.

Há ainda uma programa para aumentar o número de vagas em creches, por meio de parcerias com ONGs, associações de bairros e empresas. Em outros dois projetos, a idéia é melhorar as áreas públicas da cidade, no centro e nos bairros.

O prefeito reeleito de Diadema, José Filippi Junior (PT), não quis dar entrevista. Está em seu terceiro mandato. No primeiro (1993-1997), substituiu o médico e prefeito petista José Augusto da Silva Ramos, de quem fora secretário e amigo. Racharam. Ramos foi expulso do PT em 1997. No PPS, disputou e perdeu para Filippi na eleição de 2000. Voltou a perder, por 500 votos, na última eleição, pelo PSDB. É, hoje, subprefeito regional da Capela do Socorro, na zona sul de São Paulo.

Na semana passada, o vereador Laércio Soares (PC do B), da base governista, tentou mexer na chamada lei seca, para atender compromissos da campanha eleitoral com donos de bares e similares descontentes com a distância de 300 metros que têm de manter em relação às escolas. O projeto que Soares apresentou, diminuindo a distância para 100 metros, beneficiaria os muitos bares que, por estarem a menos de 300 metros, poderiam ser fechados. "Fiz o projeto com intenção social e com o apoio do prefeito Filippi", disse ao Estado, em seu gabinete, na noite de segunda-feira. O projeto já havia passado por uma primeira votação, onde foi aprovado por 7 a 6, com parte dos votos da bancada que apóia o prefeito.

A segunda, necessária, seria na quinta-feira. Entidades como a Associação Comercial de Diadema, que defende e aplaude a lei seca tal como ela é, botaram a boca no mundo pela imprensa local. Na quinta, Soares retirou seu projeto de lei. O prefeito não se manifestou publicamente sobre a tentativa do vereador. Soares disse, por sua vez, que não apresentaria o projeto se não tivesse seu apoio.

A secretária de Defesa Social disse que "pessoalmente" era contra qualquer modificação. Ganhou. Além de defensora ferrenha da lei, Regina a tem divulgado, a convite, no exterior e em alguns Estados, como Goiás. Autoridades da área de segurança de outros Estados, como o Espírito Santo, têm visitado o município para conhecer melhor a experiência.