Título: Multimercados atraem investidor
Autor: Andréa Botelho, Tom Morooka
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/03/2005, Investimentos, p. H2

Os fundos multimercados são considerados uma opção interessante de investimento para o aplicador que quer fugir do rendimento praticamente emparelhado dos fundos DI e de renda fixa. São produtos que atendem ao desejo de diversificação do investidor, porque mesclam aplicações em renda fixa e renda variável, com o objetivo de chegar a uma rentabilidade turbinada, superior à variação dos juros dos Depósitos Interfinanceiros (DI), que andam colados na taxa básica (Selic). Nessa modalidade de fundo, o gestor tem autonomia para investir o patrimônio da carteira em vários mercados, como o de juros, dólar, ações, e ainda em títulos atrelados a indicadores de inflação e papéis da dívida externa. Embora a diversidade de papéis na carteira amplie o risco, essa flexibilidade reforça a possibilidade de o gestor obter ganhos superiores aos dos fundos DI e de renda fixa, explica o diretor-executivo da asset do Banespa Santander, Edvaldo Morata.

Como esses fundos tentam aproveitar as oportunidades que pintam nos diversos mercados, a capacidade do gestor deve ser observada com maior atenção, alerta o analista e estrategista-chefe da SulAmérica Investimentos, Paulo de Sá Pereira. "No momento de escolher o produto, é importante, por exemplo, que o investidor observe a política de investimento e o nível de risco embutido nela."

No prospecto e no regulamento do fundo devem constar informações claras sobre a composição da carteira, até mesmo se o gestor trabalha ou não com alavancagem (aplicação de valor superior ao patrimônio do fundo) e mecanismo limitador de perdas (stop loss) definido pelo administrador, comenta o diretor da Fibra DTVM, Fábio Watanabe. Uma forte perda de rendimento e de capital em fundos alavancados pode exigir depósitos adicionais do investidor. "Mas isso não é fato comum no mercado."

Mas é possível correr mais ou menos risco nesses fundos. Entre os produtos dessa família, o investidor encontra fundos conservadores, moderados e agressivos. A escolha do produto, pela leitura atenta do prospecto e do regulamento, deve ser feita de acordo com o perfil e a expectativa de retorno de cada investidor.

A indicação de Watanabe é que o investidor destine a um multimercado apenas o dinheiro disponível por longo prazo, acima de 12 meses. "A orientação é nunca alocar toda a poupança nesse fundo. Uma parcela entre 20% e 50% do capital é o ideal."

O gerente de Mesa da Votorantim Asset Management (VAM), Alexandre Vitorino, diz que os fundos multimercados são a opção mais interessante para o investidor que, com uma pitada de risco, quer aproveitar as boas oportunidades e obter rentabilidade acima do CDI. "Esses fundos seguem a tendência do investidor pela procura de portfólios mais ativos", comenta. "A escolha deve levar em conta um fundo bem gerenciado, por profissionais capazes de administrar o risco das carteiras em relação ao risco de mercado." Ele lembra que existem hoje mecanismos de controle de risco mais modernos que tendem a evoluir cada vez mais.

Outro ponto importante destacado pelos especialistas são os mecanismos de controle de perda existentes nos multimercados. "Para quem quer assumir algum risco, o produto é mais interessante que um fundo de ações, porque nos multimercados há mecanismos como o stop loss que suavizam perdas e riscos", avalia Mário Carvalho, vice-presidente sênior de Fundos de Investimento do Banco WestLB do Brasil.