Título: Bolsa vai enfrentar volatilidade
Autor: Tom Morooka
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/03/2005, Investimentos, p. H2

A Bolsa de São Paulo passou a andar com o freio de mão puxado, depois de começar o ano a todo vapor. Analistas de investimentos, porém, continuam otimistas com o mercado de ações, embora apontem para pregões de elevada volatilidade. Uma previsão que reforça a idéia de que investimento em ações é opção apenas para retorno em períodos mais longos. Além dos fundamentos macroeconômicos positivos, um dos fatores de alento ao mercado tem sido a forte participação do capital estrangeiro no pregão da Bolsa paulista. O estoque positivo de capital externo (compras menos vendas) acumulado na bolsa este ano, até o dia 18, foi de R$ 5,106 bilhões ou US$ 1,86 bilhão pela cotação do dólar na quinta-feira.

O mercado de ações brasileiro tem sido visto com bastante tranqüilidade, em termos de risco, pelos investidores estrangeiros, comenta Thomas DeCoene, executivo da Itaú Securities em Nova York. A avaliação que fazem, diz, é que o risco maior vem de fora, dos juros americanos, cuja elevação poderia atrair capitais aplicados em mercados emergentes para os títulos do Tesouro dos EUA. "Há um interesse muito grande dos investidores por novas emissões vindas do Brasil, principalmente pelos setores que contribuem para o aumento do PIB, como o de consumo, além do de mineração e aço.

Outros setores que atraem o interesse de investidores estrangeiros são os de bancos, sobretudo os que têm projetos para financiar o consumidor, e de telecomunicações, principalmente o de telefonia móvel, aponta DeCoene. "Alguns investidores, contudo, já consideram caros os papéis de bancos brasileiros", ressalta DeCoene.

O analista de investimentos Eduardo Santalúcia prevê que o Índice Bovespa (Ibovespa) chegue aos 32 mil pontos em 12 meses, o que daria uma valorização de aproximadamente 20% até lá. Mas a indicação dele para o investidor que quiser um pouco mais de agressividade na carteira, mas sem enfrentar muita volatilidade, são os fundos de dividendos. "Uma parcela de 20% dos recursos nesses fundos pode ser interessante."

O diretor de Renda Variável da HSBC Asset Management, Lúcio Graccho, diz que, nesse caso, o investidor deve escolher os fundos que tenham em carteira ações de empresas que se beficiam do crescimento e têm política interessante de distribuição de dividendos. Ele recomenda, ainda, os fundos que fazem rotação períodica dos papéis, com base no lucro projetado e na previsão da distribuição de dividendos.