Título: Planejamento eleva estimativas do PIB
Autor: José Ramos
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/02/2005, Economia, p. B4

Bom desempenho da indústria anima ministério, que prevê crescimento de 5,3% BRASÍLIA - O Ministério do Planejamento está elevando as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2004 de 5% para 5,3%, por causa do bom desempenho da indústria no último trimestre do ano. Os números positivos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Confederação Nacional da Indústria, em meio ao movimento de alta dos juros, surpreenderam os economistas do governo. "Esperávamos que a política monetária pudesse ter afetado mais o nível de atividade econômica", disse o chefe da assessoria econômica do Ministério do Planejamento, Antônio José Alves Júnior. Segundo ele, a aparente contradição entre os índices de crescimento da indústria e as expectativas de que já estivesse ocorrendo um desaquecimento pode refletir o atraso com que a alta da Selic afeta o ritmo da produção.

O governo está mantendo a estimativa de crescimento do PIB de 4,32% para 2005, mas a meta pode ser frustrada se o aperto monetário continuar por mais tempo, informou Alves. "Quanto mais prolongado, mais ameaçado fica esse número. Por enquanto, mantemos a estimativa de 4,32%, pois avaliamos que as pressões inflacionárias começam a se dissipar."

Em 2004, a equipe do ex-ministro Guido Mantega encomendou um estudo para provar que não havia limite de 3,5% para o crescimento do PIB sem pressão inflacionária. "No Planejamento, achamos que 2004 foi um ano de grandes investimentos. Em 2005, teremos maior capacidade de produção e a economia tem como suportar o aumento da demanda."

Para Alves, o crescimento de 19,7% na produção bens de capital em 2004 abre espaço para que em 2005 a demanda cresça. No ano passado, a produção de bens de consumo duráveis cresceu 21,8%, e a produção de outros itens de consumo subiu 4%. Na média, a indústria cresceu 8,3%. Isso não significa que, em 2004, o PIB industrial - que inclui construção civil e serviços de utilidade pública - cresceu na mesma proporção. Pelos resultados dos últimos trimestres, a alta do PIB industrial é mais modesta do que o índice de produção física da Pesquisa Industrial Mensal (PIM).

No terceiro trimestre, a PIM apontou crescimento de 10,4% ante mesmo período de 2003, e o PIB industrial registrou variação de 7,15%. Mas a expectativa do governo é de que o ritmo da construção civil tenha acelerado no fim do ano, acompanhando os demais setores. "Temos fortes razões para achar que o PIB cresceu mais de 5%", afirmou Alves. Os dados definitivos do IBGE serão apresentados em 1.º de março.