Título: Para concessionárias, País deve investir R$ 4,1 bi em ferrovias
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/02/2005, Economia, p. B6

Valor seria usado na solução dos gargalos; empresas planejam investir R$ 7,2 bilhões RIO - Os concessionários do setor ferroviário brasileiro pedem investimentos federais de R$ 4,1 bilhões apenas na solução dos gargalos existentes na rede, como o excesso de passagens de nível e o cruzamento de regiões metropolitanas, que reduzem a velocidade dos trens. A Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) reconhece que houve um "enxugamento" na malha nacional, reduzida em 4 mil quilômetros desde a privatização, como mostrou o Estado em reportagem publicada no domingo passado, mas diz que a criação de novas linhas é tarefa do governo. "O Brasil realmente precisa de novas ferrovias, mas essa responsabilidade é do governo", afirmou o diretor-geral da entidade, Rodrigo Vilaça. Segundo ele, o encolhimento da malha ferroviária nacional foi provocada pela devolução ou desativação de linhas antieconômicas ou muito abandonadas. "Alguns trechos nem tinham mais carga para transportar e, por isso, foram devolvidos à Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA)", justificou o executivo.

Além do encolhimento da rede, a reportagem do Estado mostrou que a malha existente enfrenta sérios gargalos e conflitos entre os concessionários que dificultam investimentos na construção de novas linhas. O diretor-geral da ANTF disse ontem que as companhias privadas investiram R$ 6,5 bilhões nos oito anos de concessão em melhoria das condições da malha e, para o período 2005/2010, as empresas projetam investimentos de R$ 7,2 bilhões, divididos entre recuperação da malha e aquisição de material rodante (locomotivas e vagões), além de implementação de novas tecnologias e treinamento de pessoal.

A entidade apresentou um plano ao governo de investimentos adicionais de R$ 4,1 bilhões em pontos específicos da rede, com o objetivo de aumentar a velocidade dos trens e, em conseqüência, a produtividade do sistema. O Ferroanel de São Paulo, que desviaria os trens da região metropolitana, e a variante da Serra do Tigre, em Minas Gerais, que reduziria o trajeto percorrido pelas composições na região, são exemplos.

Vilaça diz que esses problemas já haviam sido identificados antes da privatização e o governo tinha se comprometido a realizar os investimentos. Ele apresenta as Parcerias Público-Privadas (PPPs) ou o uso dos R$ 300 milhões pagos anualmente pelas concessionárias a título de arrendamento da malha como alternativas de arrecadação de recursos para custeio das obras. Nesse último caso, sugere, o pagamento anual seria revertido em investimentos. As propostas já foram apresentadas ao Ministério do Planejamento.

Para a ampliação da malha, diz o diretor da ANTF, há um programa de investimentos do governo de R$ 9 bilhões na construção de 5,5 mil novos quilômetros de linhas. Os projetos, porém, ainda não foram licitados.