Título: IPC é o maior de março em 10 anos
Autor: Célia Froufe
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2005, Economia & Negócios, p. B5

Inflação em São Paulo chega a 0,79%, o dobro da registrada em fevereiro; mas, para a Fipe, índice se baseia apenas em transporte A inflação no município de São Paulo medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da USP foi de 0,79% em março. É a maior taxa para o mês em dez anos. Ficou bem acima da apurada em fevereiro, de 0,36%. O item transportes foi o que mais pressionou o índice, com aumento de 4,17%, ainda em razão do reajuste das passagens de ônibus. O coordenador do IPC-Fipe, Paulo Picchetti, atenuou o impacto do índice ao lembrar que 0,66 ponto porcentual do índice é proveniente dos transportes - lotação, ônibus integração, reparo em automóvel e ônibus urbano. Este último representou 0,55 ponto porcentual do IPC. Segundo ele, caso não houvesse essa alta, a taxa seria de 0,13%. "É incrivelmente estável e baixa", afirmou.

O núcleo do IPC desacelerou-se de 0,29% em fevereiro para 0,26% em março. Desde a primeira pesquisa de fevereiro da Fipe, o núcleo vem exibindo taxas inferiores a 0,30%. "Tanto o núcleo quanto o índice de industrializados estão muito bem comportados e volto a dizer que a inflação à frente será derivada de algum choque de oferta", disse o coordenador.

O índice dos produtos industrializados fechou com taxa idêntica à de fevereiro (0,11%). O dos comercializados subiu 0,12%, a primeira depois de uma série de sete semanas com deflação. "Sem dúvida, esse aumento está relacionado à elevação do dólar ante o real", justificou Picchetti.

Tanto os preços monitorados quanto os administrados voltaram a subir em março, em razão do reajuste de 17,65% nas passagem dos ônibus. Os monitorados passaram de 0,87% em fevereiro para 2,61% no mês passado. Os administrados saltaram de 0,68% para 1,80%.

Segundo Picchetti, a inflação na cidade em abril deverá ficar em 0,45%. Para chegar a essa variação, ele calculou que o reajuste das passagens de ônibus, em vigor há um mês, ainda vai deixar um resquício de 0,09 ponto porcentual.

O coordenador da Fipe ainda prevê um impacto de 0,01 ponto para este mês de itens como lotação, ônibus-integração e telefonia celular. Além disso, projeta um impacto de 0,14 ponto decorrente do aumento dos medicamentos, autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no dia 31.

Picchetti lembrou que, como a Anvisa ainda não divulgou o porcentual de reajuste de cada remédio, a conta tem base num aumento médio de 6,64%. Assim, o IPC de abril já começa em 0,25%. Ele ressalvou que previsão não leva em conta o possível reajuste, de 20%, do pão francês. "Prefiro esperar para ver como esse reajuste chegará ao consumidor", comentou.

Picchetti manteve a estimativa de inflação entre 5% e 5,5% no ano em São Paulo, a menos que haja novo aumento dos combustíveis.