Título: Intermediário quis pagar para ficar de fora, diz matador
Autor: Leonel Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2005, Nacional, p. A15

Pistoleiro Rayfran Sales diz à polícia que Tato lhe ofereceu R$ 10 mil para que negasse, no depoimento, que havia sido contratado por ele para matar irmã Dorothy

ALTAMIRA - O agricultor Amair Feijoli da Cunha, o Tato, que está preso, tentou se livrar da acusação de ter sido intermediário na contratação dos dois pistoleiros que mataram, há 18 dias, a missionária Dorothy Stang, em Anapu, no Pará. Segundo o delegado Waldir Freire, que presidiu o inquérito na Polícia Civil, Tato ofereceu R$ 10 mil a Rayfran Sales para que o pistoleiro que matou a freira refizesse os depoimentos e negasse que tinha sido contratado por ele para executar o crime. O recado de Tato para Rayfran foi enviado anteontem por um outro preso, não identificado, quando os detentos deixaram o xadrez para tomar sol, na penitenciária de Altamira. A tentativa de suborno foi revelada ontem por Rayfran Sales ao delegado Waldir Freire durante o vôo de Altamira para Belém, quando os três indiciados pelo crime estavam sendo transferidos para a penitenciária da capital do Estado. "Isto só mostra que estamos no caminho certo, que o Tato realmente contratou Rayfran e Clodoaldo Batista para matar a missionária", disse Freire.

Com esta nova informação, o delegado terá de tomar depoimentos complementares de Rayfran, Tato e do preso que levou o recado.

Segundo a polícia, Tato foi o intermediário entre o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do crime, e os dois pistoleiros presos. De acordo com o delegado, Tato não tem condições financeiras para oferecer R$ 10 mil aos dois presos. Este novo dado não muda a situação de Rayfran, Clodoaldo e Tato. Mas servirá de argumento para que o promotor estadual e o procurador federal denunciem o capataz de Vitalmiro como o intermediário do assassinato da missionária.