Título: Acusado de mandar matar freira avisa à PF que quer se entregar
Autor: Leonel Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2005, Nacional, p. A16

ALTAMIRA - O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, indiciado como mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang, morta por dois pistoleiros, dia 12, em Anapu, no Pará, mandou ontem um recado à Polícia Federal: está disposto a se entregar em uma das superintendências da PF se o processo em que é acusado for transferido para a Justiça Federal. A mensagem foi repassada ao superintendente da PF no Estado, José Ferreira Sales, por um jornalista de Belém que manteve contato com um intermediário do fazendeiro. Bida continua foragido.

Segundo o recado, Bida se sentirá mais seguro se for julgado na instância federal, onde teoricamente haveria menor ingerência política e o fazendeiro teria maiores chances de se livrar da acusação ou receber uma pena menor do que a pedida no indiciamento. Nos relatórios das polícias Federal e Civil, Bida foi indiciado por co-participação em homicídio doloso qualificado. A pena prevista varia de 12 a 28 anos de cadeia.

"Recebemos a mensagem de um jornalista e estamos negociando com os advogados para checar estas informações e em que condições ele quer se entregar", disse o superintendente da PF, que omitiu o nome do jornalista. Sales esteve ontem em Altamira, Anapu, Pacajás e Parauapebas acompanhando o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Instituicional (GSI) da presidência da República, general Jorge Armando Félix.

O superintendente da PF disse ainda que Vitalmiro estaria contratando um advogado de Belém para negociar a sua rendição. "O advogado contratado em Altamira é apenas um preposto deste novo escritório da capital", comentou Sales. O advogado Antônio Septímio - que se apresentou como defensor de Bida - disse desconhecer o recado e duvidar de que a informação seja verdadeira.

Antônio Septímio admitiu, no entanto, que a transferência do caso para a instância federal é uma boa alternativa para Vitalmiro.

O delegado que presidiu o inquérito na esfera federal, Ualame Machado, disse que a proposta é inviável, já que a tendência é que o processo fique mesmo na esfera estadual da Justiça. "Esta proposta significa que ele não vai se entregar", comentou o delegado. "Vamos prendê-lo antes", prometeu Machado.