Título: Vídeo de refém alimenta mais suspeitas na França
Autor: Reuters, AP, EFE e AFP
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2005, Internacional, p. A17

PARIS - O vídeo divulgado na terça-feira na qual a jornalista francesa Florence Aubenas, seqüestrada no Iraque em 5 de janeiro, aumentou as suspeitas do governo francês de um possível envolvimento da Síria no caso. Um dos pontos pouco claros na gravação, segundo Paris, foi o trecho em que a refém pedia ajuda ao deputado francês Didier Julia - que tinha estreitos contatos com os regimes de Saddam Hussein e de Damasco e liderou uma fracassada tentativa de negociar a libertação de outros dois repórteres franceses, Christian Chesnot e Georges Malbrunot, soltos em dezembro após quatro meses de cativeiro. Num discurso no Parlamento, o primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin, excluiu hoje, quarta-feira, toda a "diplomacia paralela" para conseguir a libertação de Florence, ao mesmo tempo em que pediu a Julia que "coopere plenamente" com o serviço secreto francês.

"Toda pessoa que acredite ter informação sobre a situação da refém deve dá-la imediata e incondicionalmente às autoridades", disse Raffarin, olhando diretamente para Julia. No vídeo divulgado na véspera, Aubenas, com uma expressão angustiada, diz estar doente e "mal psicologicamente". Ela fala o nome de Julia três vezes e lhe pede ajuda "urgente". Em outro vídeo, entregue ao governo na semana passada, Aubenas não mencionava o nome de Julia. A existência desta fita só foi revelada à família e à direção do jornal.

Suspeita-se que Aubenas foi forçada a pedir a ajuda de Julia por seus captores ou que os seqüestradores visavam a passar uma mensagem ao deputado francês - que está sob investigação do Parlamento por suas ligações com a Síria. "Provavelmente os seqüestradores me conhecem e talvez eu os conheça também", disse Julia logo depois da divulgação da fita.

As relações entre França e Síria passam por um mal-estar desde o apoio francês à resolução da ONU que exige a retirada das tropas sírias do Líbano.

Ontem, o grupo que seqüestrou um cidadão sueco de origem iraquiana divulgou uma fita com imagens do refém.