Título: Ainda com cartas na mão, Assad opta pelo jogo de espera, avalia analista
Autor: Reuters, AP, EFE e AFP
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2005, Internacional, p. A17

As múltiplas dificuldades externas do presidente sírio, Bashar Assad, levantaram questões sobre se ele teria o domínio total no país. Rima Allaf, do Royal Institute of International Affairs, acha que seria uma tolice subestimar o líder sírio, a despeito de seus erros de cálculo. "Existe uma escola de pensamento que diz que ele ainda está combatendo a velha guarda. Mas a substituição, na semana passada, do chefe do serviço militar de informações pelo seu cunhado sugere que Assad está totalmente no controle. Ele tem uma boa compreensão do que está acontecendo", disse Rima.

Também seria um erro pensar que Assad ficou sem cartas para jogar no Líbano ou em outros lugares, sugeriu ela. "A cartada final para EUA e Israel é o isolamento da Síria. Mas não acho que os EUA vão tentar forçar uma mudança de regime." Com os protestos em massa que levaram à renúncia do governo pró-Síria no Líbano mostrando sinais de arrefecimento, Assad talvez espere que a crise já tenha atingido seu auge. Como seu pai, o ex-presidente Hafez Assad, ele tende a recorrer ao jogo da espera.

O Líbano continua sendo de importância primordial para a Síria. Seus interesses são financeiros, comerciais e políticos. Estão associados a sua segurança e alavancagem regional, via Hezbollah-Irã. Acima de tudo, o país está empenhado em impedir a paz separada entre Líbano e Israel.