Título: Europa e EUA aumentam a pressão sobre o Irã
Autor: Reuters, AP, EFE, DPA e AFP
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2005, Internacional, p. A19

França, Grã-Bretanha e Alemanha criticam o não-cumprimento por Teerã das normas adotadas pela AIEA para inspeções em instalações nucleares iranianas

VIENA - União Européia (UE), EUA e Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aumentaram ontem a pressão sobre o Irã para que aja com transparência em relação a seu programa nuclear. Foi durante a reunião da Junta de Governadores da AIEA, na sede da instituição, em Viena. França, Alemanha e Grã-Bretanha criticaram a falta de transparência dos iranianos e o não-cumprimento de normas adotadas no processo de inspeção de suas instalações nucleares. Os três países lideram esforços da UE em favor de uma saída política para a crise. Os EUA acusam o Irã de desenvolver um projeto nuclear voltado para a produção de armas.

Jackie Sanders, embaixadora americana para desarmamento na ONU, disse que existe ainda um número alarmante de questões não resolvidas sobre o programa nuclear iraniano.

Na terça-feira, o subdiretor da AIEA, Pierre Goldschmidt, acusara o Irã de negar autorização para nova visita de inspetores ao complexo militar de Parchin, perto de Teerã. Nesse local, os EUA suspeitam que os militares iranianos tenham feito testes com detonadores para armas atômicas. Goldschmidt acrescentou que desde setembro os iranianos constroem túneis para armazenar material nuclear - atividade que não é ilegal, mas deve ser declarada à AIEA, o que não ocorreu.

A embaixadora americana voltou a exigir que o Irã seja denunciado ao Conselho de Segurança da ONU e pediu ao diretor da AIEA, Mohamed el-Baradei, uma ação apropriada no caso de novas resistências às inspeções.

Em Londres, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, adotou um tom mais conciliador. Ela reiterou que os EUA trabalham com a UE para oferecer ao Irã incentivos econômicos em troca do abandono de seu ambicioso projeto."Estamos desenhando, creio, uma estratégia comum com a Europa para que o Irã reconheça que não há outro caminho."

Contudo, em Washington, o general John Abizaid, chefe do Centcom (comando central americano), advertiu os aiatolás de que eles se expõem a um ataque por algum país da região (clara alusão a Israel) caso insistam em desenvolver armas nucleares.

"Eles (os aiatolás) devem se perguntar se o fato de (o Irã) produzir uma arma atômica não motivará uma das potências regionais a optar por um ataque", insistiu.