Título: Lula diz estar longe de cumprir metas
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2005, Nacional, p. A7

ARACAJU - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não governa pensando em eleição, e sim em promover desenvolvimento econômico e social consistente. Ele traçou cenário muito otimista para o País: "Começamos 2005 numa situação de boa para ótima". No segundo de três discursos na capital sergipana, ele disse que sua "fixação é não permitir que o processo eleitoral atrapalhe" as realizações de seu governo. Admitiu que "está muito longe" de cumprir suas metas, mas prometeu "evitar fantasias ou ilusões" que fazem com que "as pessoas vão dormir com esperanças e acordem sufocadas no desespero".

Lula passou mais de sete horas em Aracaju, prestigiando o amigo, compadre e prefeito Marcelo Déda (PT), na comemoração dos 150 anos da cidade, completados quinta-feira. Levou com ele dois dos ministros mais cotados para sair na reforma ministerial: Olívio Dutra (Cidades) e Humberto Costa (Saúde). Na cidade, participou da entrega de 609 casas populares construídas com verbas federais, almoçou com políticos locais, visitou a prefeitura e no fim da tarde foi à inauguração do último lote de obras da Avenida São Paulo, também com recursos federais.

INVESTIMENTOS

No discurso mais político do dia, Lula disse, dois dias depois do novo aumento dos juros, que sua política econômica está centrada "de um lado no controle da inflação e de outro em facilitar o investimento para a indústria crescer". Insistiu que o governante não pode se deixar levar pela "facilidade do voto" e discursou: "Não tenho de governar pensando na próxima eleição. Tenho de construir a solidez de uma política econômica e social para dar frutos para nossos netos, daqui a 10 ou 15 anos. Para que o Brasil não jogue fora a oportunidade de se transformar numa economia forte e em um país definitivamente desenvolvido".

Ao falar das realizações de seu governo, comparou-as com as do antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Nós, em dois anos, já investimos14 vezes mais em saneamento básico do que nos quatro anos do governo anterior."

Vitórias de países em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio (OMC) foram citadas por Lula como exemplo da política externa implementada por seu governo. Ele disse que "antes havia um hábito de que devíamos manter relações apenas com os ricos, Estados Unidos e Europa" e ao assumir a Presidência optou pela aproximação com a América do Sul e países como Índia e China. "Nós havemos de mudar a geografia social do mundo para enfrentar, de um lado os Estados Unidos, e de outro a União Européia e estamos conseguindo até com relativa facilidade", entusiasmou-se.

Para ele, seu governo é marcado pela "circulação de dinheiro", por meio de programas como Banco Popular, Bolsa-Família e o do microcrédito que, prometeu Lula, será concretizado em breve. O objetivo, segundo ele, é "não depender apenas de dinheiro de fora".