Título: 'Esse dinheiro não é meu', repete Maluf à Justiça de SP
Autor: Simone Harnik
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/03/2005, Nacional, p. A11

O ex-prefeito Paulo Maluf negou ter contas no exterior quando foi interrogado ontem pela juíza Silvia Maria Rocha, da 2.ª Vara Criminal Federal em São Paulo. Réu por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas, Maluf insistiu em afirmar que foi beneficiário de uma fundação chamada White Gold - constituída em Liechtenstein, segundo Maluf, por iniciativa do filho do presidente do Líbano, amigo seu de longa data, que estaria "preocupado com o futuro dos jovens libaneses". A estratégia de defesa foi a mesma utilizada em dezembro, quando Maluf foi interrogado em outra ação. Ele repetiu à juíza que havia sido procurado pelo libanês para constituir a White Gold Foundation com fins "filantrópicos" e atribuiu a ele a criação de contas vinculadas à empresa Red Ruby.

A juíza leu a denúncia, que relatam a existência de contas na Suíça. "Essas contas são do senhor?", indagou a juíza. "Não são", ele respondeu. "De quem são?", insistiu a juíza. Então, Maluf falou do libanês.

O Ministério Público sustenta que o ex-prefeito movimentou US$ 446 milhões na Suíça, até 1998, quando teria transferido os ativos para Jersey.

O interrogatório durou quase duas horas. O procurador Pedro Barbosa Pereira Neto, acusador de Maluf, avaliou a versão do ex-prefeito como "contraditória" e "fraca". "A minha visão é a de que a defesa é extremamente inconsistente". Maluf disse. "Respeitando a decisão da juíza da 2.ª Vara, que decretou segredo de justiça, nada declararei. Somente digo que sou inocente".