Título: Produtores rurais recebem ajuda
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2005, Economia, p. B11

Um dia após protestos, Rodrigues anuncia adiamento de cobrança de dívidas e mais verbas para a agricultura

RIO VERDE, GO - No dia seguinte a uma manifestação que bloqueou com caminhões e tratores 6 quilômetros de estradas em Goiás, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, esteve ontem no município de Rio Verde, em Goiás, e divulgou um pacote de medidas de apoio aos produtores rurais. Foi adiado o vencimento de dívidas de investimento feitas por cooperativas ou produtores de algodão, arroz, trigo e soja - uma das principais reivindicações dos agricultores da região. As parcelas dos débitos que venceriam neste ano serão prorrogadas de acordo com a capacidade de pagamento dos produtores. Elas poderão ser pagas até o final dos contratos. Além disso, o Banco do Brasil vai liberar mais R$ 3 bilhões para o setor.

O anúncio se deu durante um encontro de Rodrigues com cinco governadores: Blairo Maggi (Mato Grosso), Germano Rigotto (Rio Grande do Sul), Marcelo Miranda (Tocantins) e Marconi Perillo (Goiás).

No conjunto anunciado por Rodrigues, está a prorrogação das dívidas de custeio de trigo e algodão, além de uma linha de crédito do Banco de Brasil de R$ 730 milhões para custeio da safra de trigo e demais cereais de inverno.

Outros R$ 550 milhões serão liberados pelo Banco do Brasil para o plantio da segunda safra de milho (safrinha) e sorgo.

O governo também anunciou a liberação adicional de recursos para comercialização da safra, outra reivindicação dos agricultores.

"Estamos liberando, a partir de agora, mais R$ 3 bilhões de recursos novos para a comercialização e financiamento da estocagem de algodão, arroz, milho, soja e trigo", afirmou Rodrigues, aplaudido de pé pelos agricultores.

Na véspera, os manifestantes mais exaltados haviam pedido a renúncia do ministro. Esses recursos vão se somar aos R$ 28,75 bilhões já destinados para custeio e comercialização no Plano Agrícola e Pecuário 2004/05.

Rodrigues fez questão de enfatizar que conhecia as dificuldades enfrentadas pelo setor agrícola. "Sou produtor de soja, milho, girassol, arroz e cana-de-açúcar e conheço no meu bolso todas as reclamações", comentou o ministro.

CÂMBIO

A política cambial do governo federal foi durante criticada pelos governadores de Mato Grosso, Blairo Maggi, e do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto.

"É a política econômica que prejudica o setor agrícola. O câmbio neste momento é o que sufoca o setor primário", enfatizou Maggi, grande produtor de soja.

"A área econômica precisa entender que o real está valorizado de forma artificial e com o câmbio na situação atual haverá queda nas exportações, fator que sustenta o crescimento do País", arrematou Germano Rigotto.

Faixas espalhadas pelo local da manifestação diziam: "Política econômica sacrifica o produtor" e "Meirelles defensor dos banqueiros".

Diplomático, Rodrigues disse somente que a política cambial é assunto para a aérea econômica do governo, entretanto admitiu que a desvalorização do dólar em relação ao real está prejudicando as exportações.