Título: Inflação continua sendo um risco, diz Levy
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/02/2005, Economia, p. B1

Secretário do Tesouro diz que este é um dos poucos problemas em uma lista de avanços econômicos RIO - A inflação é um dos riscos remanescentes no País, afirmou ontem o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy. Ele citou dados referentes ao IPCA em 2004 e disse que o índice acumulado no ano passado, de 7,6%, ficou acima da inflação registrada em vários países emergentes, deixando o Brasil em posição pior neste indicador, ao contrário do que vem ocorrendo em outras áreas, como a fiscal. Em palestra no seminário "Cenário da Economia Brasileira e Mundial em 2005", realizado ontem no Rio de Janeiro, Levy destacou a preocupação com a trajetória da inflação, observando que vários setores tiveram aumentos de preços acima da média do IPCA no ano passado e que ainda há "bastante dispersão de inflação", em alguns grupos de produtos.

"Com certeza, temos que continuar prestando atenção nessa área", disse Levy apontando o problema como um dos poucos riscos em uma lista de avanços econômicos promovidos pelo governo, como os ajustes externo e fiscal, que listou em sua palestra.

'SOB CONTROLE'

Mas, para o diretor-executivo do Banco Mundial (Bird), Otaviano Canuto, que também participou do seminário, os principais riscos para a economia brasileira em 2005 vêm de fora e poderão se materializar caso ocorram problemas fortes no mercado financeiro mundial - como uma fuga de dólares em manada, que leve os Estados Unidos a elevar os juros. "Como isso parece pouco provável, então a perspectiva é de que o cenário externo não atrapalhe em 2005."

A estimativa de Canuto é de que a economia brasileira crescerá 4% neste ano, "podendo surpreender com 5%". Sobre o risco da inflação citado pelo secretário do Tesouro, ele observou que "não existe cenário sem risco, mas a inflação está sob controle".

O diretor do Bird avalia também que o Brasil não correrá riscos de esbarrar na capacidade de produção nas indústrias com o crescimento previsto para este ano. Segundo ele explicou, o ciclo econômico atual do País estará daqui para frente mais dependente dos segmentos de bens semi e não-duráveis (alimentos, calçados), que não têm problemas de capacidade instalada tão severos como os líderes da expansão do ano passado, que foram os bens duráveis (eletrodomésticos e automóveis) e bens de capital.