Título: Dólar volta a subir e fecha em R$ 2,64
Autor: Lucinda Pinto, Silvana Rocha, Mario Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2005, Economia, p. B14

Intervenção do BC somou-se à valorização da moeda no mercado mundial , enquanto uma nova alta do petróleo reduziu o otimismo

O dólar fechou ontem em alta firme pelo segundo dia consecutivo, cotado a R$ 2,643. O avanço da moeda americana no mercado mundial e as intervenções diretas e indiretas do Banco Central no mercado de câmbio deram sustentação à valorização de 0,95% do dólar no mercado doméstico. O mercado perdeu ontem parte do otimismo com que vinha operando desde a quinta-feira passada, quando ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central indicou que o processo de aumento dos juros pode estar chegando ao fim. E passou a reagir a um aumento importante no preço do petróleo, que nos últimos dias tem levado as cotações para próximo dos níveis recordes registrados no ano passado.

Analistas tentaram relevar, dizendo que os preços no mercado interno continuavam equilibrados, considerando o fato de o dólar estar em queda forte. Mas ontem o petróleo superou os US$ 53 em Nova York (contrato para o abril) e o dólar continua se recuperando em relação ao real.

Segundo operadores, o discurso benigno do presidente do Federal Reserve (o banco central americano), Alan Greenspan, na Câmara, favoreceu a recuperação do dólar no mercado mundial, além de taxas relativamente estáveis dos títulos do Tesouro americano. Em seu discurso, Greenspan manteve o lema de crescimento razoável da economia americana, ignorando assuntos como a inflação e a necessidade de elevar os juros para conter essas pressões.

Já a Bovespa voltou a subir nesta quarta-feira. O Ibovespa fechou com valorização de 1,69%, somando 28.199 pontos, na máxima do dia. Mas isso não significa que o movimento de realização de lucros tenha acabado e que a bolsa esteja retomando uma trajetória de alta. "O mercado de ações está em compasso de espera, enquanto não encontra um motivo seguro para se definir", comentou um operador.

A questão é, se o fluxo de investimento estrangeiro continuar forte, a bolsa terá fôlego para continuar subindo. Mas, se o fluxo murchar, a realização ganhará peso. Nesse cenário, os investidores temem vender ações para, depois, serem surpreendidos com um fluxo forte. Ou então, temem comprar, e depois verem o fluxo diminuir. Em fevereiro, o ingresso de capital externo explodiu. Até o dia 25, o saldo mensal de investimentos estrangeiros estava acumulado em R$ 3,5 bilhões.