Título: Crescimento mundial cria poucos empregos
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/02/2005, Economia, p. B5

Desemprego caiu de 6,3% para 6,1% em 2004, segundo OIT GENEBRA - O crescimento econômico mundial em 2004 não foi suficiente para criar um volume significativo de postos de trabalho. Dados divulgados ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicam que o número de pessoas sem emprego em 2004 chegou a 184,7 milhões, ante 185,2 milhões em 2003. A queda é a primeira desde 2000 e a segunda desde 1994, mas o avanço é considerado ainda tímido. "O crescimento econômico ainda não está criando empregos", afirmou Marva Corley, economista da OIT. No caso da América Latina, a organização destaca a região como a que teve o melhor desempenho no que se refere à queda porcentual de desempregados, em grande parte graças à situação no Brasil, Argentina e Venezuela.

Segundo a OIT, a queda do desemprego foi apenas marginal, de 6,3% para 6,1% da população economicamente ativa no mundo. A queda ainda não permite que o número de desempregados seja menor do que o de 2002, quando havia 180,9 milhões de pessoas sem trabalho no mundo.

"Se considerarmos que a economia global cresceu 5% em 2004, vemos que não foi possível traduzir esse aumento em postos de trabalho", afirmou a economista. Segundo ela, parte da explicação para o fenômeno é o fato de o crescimento atingir setores de ponta, que não necessitam de grande volume de mão-de-obra.

Em 2004, o número de empregos criados cresceu apenas 1,7%, e a taxa da população empregada ficou estagnada em 61,8% do total da população economicamente ativa no mundo. "Precisamos de políticas que sejam focalizadas na criação de empregos", afirmou Juan Somavia, diretor da OIT.

Para 2005, a previsão é ainda mais sombria. "Estamos observando a economia internacional e vemos que o crescimento não será tão importante como em 2004. Portanto, o aumento do número de empregos deverá ser ainda mais tímido que em 2004", avaliou Marva Corley.

Em 2004, a maior queda do desemprego ocorreu na América Latina, onde o número das pessoas sem trabalho caiu de 9,3% em 2003 para 8,6%. "Observamos que a retomada econômica na Argentina e na Venezuela, além da situação no Brasil, contribuiu para que a região tivesse esse resultado", afirmou Marva Corley. Segundo a OIT, para 2005 a região pode continuar a mostrar resultados, mas apenas se conseguir elevar a demanda interna.

Os números divulgados pela sede da OIT sobre a América Latina, porém, não são os mesmos do escritório regional da entidade, em Lima, no Peru. Segundo os dados regionais, o ano deve ter terminado com desemprego de 10,4%, ante 11,1% em 2003, ainda assim uma queda considerada positiva pela OIT. Entre 1999 e 2004, a região conseguiu reduzir em 0,9% sua taxa de desemprego. No total, 19,5 milhões de latino-americanos estariam fora do mercado de trabalho, ainda que a economia regional tenha crescido 5%, ante 1,5% em 2003.