Título: Há quase meio século no poder, líderes sindicais ignoram reforma de Lula
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/03/2005, Nacional, p. A10

Vitor e Roma têm estilos diferentes, mas algo em comum: ficam bem longe da oposição cerrada das entidades, enfrentada por Berzoini

A reforma sindical chegou ao Congresso sob fogo cerrado de federações e sindicatos rebelados, mas parece não incomodar pelo menos alguns antigos líderes que assumiram o comando de suas entidades há quase meio século. Luisant Mata Roma preside o Sindicato dos Comerciários do Rio há 39 anos. Henrique Vitor assumiu o comando do Sindicato da Construção Civil de Jaú há 45.

Estilos diferentes, os dois têm em comum o gosto pelo poder. O projeto do governo não mereceu devida atenção de Vitor. "Quer saber? Nem li o projeto, é balela."

Ricardo Berzoini, ministro do Trabalho, diz que a reforma busca eliminar "estrutura pulverizada, de baixa transparência e pouca funcionalidade". São quase 20 mil sindicatos no Brasil, entre patronais e de trabalhadores. Para Berzoini, "boa parcela não tem capacidade ou mesmo vontade de realizar o autêntico papel sindical".

Ele argumenta que a estrutura sindical favorece que entidades que formalmente representam centenas de milhares de trabalhadores "mantenham um colégio eleitoral de poucos, de mais fácil controle, arrecadando dinheiro de todos em proveito de uma minoria".