Título: China deve rearmar seu Exército, diz Wen
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/03/2005, Internacional, p. A16

Primeiro-ministro defende aumento no orçamento das Forças Armadas em função da questão de Taiwan

PEQUIM - O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, disse ontem, na abertura da Congresso Nacional do Povo, que o governo deve rearmar seu Exército para assegurar a solução da questão taiwanesa. Wen afirmou que seu governo seguirá se empenhando "seriamente, com ênfase na busca de uma reunificação pacífica", salientando que a China "jamais permitirá a secessão". Ele defendeu ante os 3.000 delegados do Partido Comunista a polêmica lei anti-secessão, que legitima uma intervenção militar contra Taiwan. Segundo Wen, a lei representa a vontade comum e "a forte determinação de todo o povo chinês de proteger a soberania e a integridade territorial do país".

O reforço do Exército, de acordo com Wen, é uma "tarefa estratégica e uma importante garantia para proteger a segurança nacional e assegurar a meta de reunificação".

O primeiro-ministro deu poucos detalhes tanto da lei anti-secessão quanto do projeto de rearmar o Exército. Ambas as medidas devem ser apresentadas para primeira votação na terça-feira e aprovadas no dia 14, último dia do congresso anual.

A China considera Taiwan - que se declarou independente durante a revolução maoísta na porção continental do país - uma província rebelde que espera reintegrar a seu território.

Segundo Wen, o orçamento militar passará de 7,6% para 12,6% do orçamento geral - o que deve permitir a modernização de todas as Forças Armadas e a capacitação do Exército para "vencer todas as guerras das quais participe".

O congresso deve aceitar simbolicamente na votação da terça-feira a renúncia de Jiang Zemin como comandante das Forças Armadas. A decisão de Jiang, de 78 anos, de deixar o cargo já tinha sido tomada havia vários meses e representará sua retirada definitiva da cena política chinesa. O comando militar era o último dos cargos que ele ainda conservava na cúpula política e sua entrega confirma a transferência pacífica de poder à quarta geração de líderes chineses, lideradas por Hu Jintao.

O governo da China, que em 2004 passou a ser a terceira maior potência comercial do mundo também apresentou na abertura do congresso suas metas macroeconômicos para 2005, entre elas a previsão de crescimento de 8% em sua economia e uma inflação abaixo dos 4%.

Segundo Wen as medidas tomadas em 2004, tais como a paralisação do investimento em setores "sobrecarregados", não obtiveram os resultados esperados no controle da inflação, e a economia chinesa cresceu 9,5%, 2 pontos e meio acima das expectativas governamentais. Manter a inflação sob controle será um dos mais importantes objetivos do governo para 2005.

Em termos de comércio exterior, a China espera crescer 15% em 2005, menos do que no período entre 2003 e 2004 (35,7%), e equilibrar a balança com volumes quase idênticos de exportações e importações. Wen anunciou também um programa para a criação de 9 milhões de postos de trabalho. O índice de desemprego urbano ficou em 4,6%.