Título: Até 1 milhão de tremores por ano. Poucos percebem
Autor: Evanildo da Silveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/03/2005, Vida, p. A29

Todos os anos, estima-se que entre 500 mil e 1 milhão de tremores sacudam o planeta, a maior parte sem ser percebida pelas pessoas, mas apenas pelo sismógrafos, aparelhos que detectam os abalos. Só os mais fortes, no entanto, são denominados terremotos. São cerca de 100 mil por ano, sentidos sem a necessidade de equipamentos. Desses, pelo menos mil causam vítimas ou danos. Os terremotos são classificados pela magnitude, relacionada à quantidade de energia liberada no seu foco, normalmente situado nas profundezas da Terra. Ela não tem limites inferior nem superior, sendo condicionada pela resistência das rochas da litosfera, onde a maioria dos tremores se origina.

Por isso não é correto dizer que a escala idealizada pelo americano Charles Richter, em 1935, que leva seu nome e indica a magnitude de um sismo, vai até 9. O engano se deve, talvez, à raridade de terremotos dessa grandeza. Poucos foram registrados, como os de Kamchatka, na Rússia, em 1952 (9,0 na escala Richter), na Ilha de Andreanof, no Alasca, em 1957 (9,1), no Chile, em 1960 (9,5), Anchorage, no Alasca, em 1964 (9,3), e em Sumatra, em 26 de dezembro de 2004 (9,0), que causou os tsunamis.

A escala Richter avalia os sismos conforme a energia que liberam. Ela é logarítmica, o que significa que um terremoto de 7 pontos é 10 vezes maior que um de 6 pontos, que é cem vezes maior que o de 5, mil vezes maior que o de 4 e assim por diante.

Em termos de perdas econômicas e de vidas humanas nem sempre a magnitude do terremoto é o mais importante. Pesa o local, se muito povoado ou não. Dois dos terremotos que mais causaram danos tinham magnitude inferior a 8, o de Tangsham, na China, de 1976 (7,9), com mais de 1 milhão de mortes, e o de Kobe, no Japão, em 1995, que prejuízos acima de US$ 200 bilhões.

No Brasil nunca ocorreu e provavelmente jamais haverá sismos tão devastadores. Os maiores ocorreram em áreas desabitadas. O mais intenso foi registrado em 31 de janeiro de 1955, no município de Porto dos Gaúchos (MT), e alcançou 6,6 pontos na escala Richter. Uma série de terremotos na cidade de João Câmara (RN), entre agosto e dezembro de 1986, deixou 4 mil casas destruídas ou danificadas.