Título: Força-tarefa da PF já investiga nomes da lista
Autor: Luiz Maklouf Carvalho
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2005, Nacional, p. A6

NOVO PROGRESSO - Na semana passada, as acusações escritas de Adilson Prestes sobre "a máfia da fronteira Pará-Mato Grosso" chegaram ao delegado federal Gilberto Castro, da força-tarefa que o governo mandou para Novo Progresso dia 23, que lá continua, sem prazo para sair. Castro, o delegado Aldo Brandão, e 13 agente da PF investigam a máfia da grilagem - "uma meia dúzia que vem tirando a paz da região", segundo Brandão. O Estado apurou que alguns nomes citados por Adilson já são investigados pela força-tarefa. Um é o comerciante e pecuarista Ezequiel Castanha, acusado de grilagem. "Fiz isso uma vez, quando derrubei uma área e vendi para gente de fora", admite. "O problema, aqui, é que a gente quer trabalhar na legalidade, mas a ausência do governo nos empurra para a ilegalidade." Paulista, Castanha está há 5 anos em Novo Progresso. A fama de grileiro nasceu, conta ele, quando comprou a posse da Fazenda Castanhal, parte do posseiro estabelecido, parte de grileiros. Pagou R$ 1,5 milhão e diz que pode provar.

"O problema da Castanhal foi que eu comprei de grileiros, e o pessoal achou que isso incentiva a grilagem. Foi o maior erro que cometi na minha vida, e até hoje estou pagando muito caro." Castanha sabe que a PF está de olho nele: "Eu estou aqui e vou continuar aqui, à disposição para prestar as informações que eles quiserem."

O problema, para a PF, é a dificuldade de obter provas e testemunhas. Os delegados declaram-se avessos ao barulho fácil e vazio. "Estamos levantando as informações", diz Brandão. A dificuldade é o medo dos que sabem das coisas. Brandão e Castro estão analisando o que chega e correndo atrás do que não vem fácil. No momento, chama-lhes a atenção fita de áudio que receberam. A voz, ainda não identificada, relata detalhes sobre crimes ocorridos em Novo Progresso.