Título: Papa reaparece e cardeal descarta renúncia
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2005, Vida&, p. A13

João Paulo II deu a bênção da janela de seu quarto no hospital; Ratzinger diz que religioso cumpre missão mesmo no sofrimento

CIDADE DO VATICANO - O papa João Paulo II reapareceu ontem na janela de seu quarto na Policlínica Gemelli para dar sua bênção aos fiéis que acompanharam a missa do Ângelus. Esta foi a segunda aparição do papa desde que ele foi submetido a uma traqueostomia - a primeira foi no domingo passado. Sorridente e mostrando uma sensível melhora, João Paulo II, de 84 anos, apareceu sentado em uma poltrona, da qual deu a bênção às pessoas que estavam em frente ao hospital e também reunidos na Praça de São Pedro do Vaticano, onde o substituto da Secretaria de Estado, o arcebispo argentino Leonardo Sandri, rezou a missa em seu nome. Antes que aparecesse pela janela, as câmeras do Centro Televisivo Vaticano mostraram João Paulo II acompanhado do Secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Angelo Sodano, do arcebispo Giovanni Lajolo e dos médicos assistindo ao Ângelus por meio de uma tela instalada em seu quarto.

Ao contrário do domingo passado, quando mostrava um aspecto fraco e gestos de sofrimento, ontem o papa estava mais relaxado, mostrando que a recuperação parece avançar de forma satisfatória. No texto lido por Sandri, João Paulo II agradeceu aos fiéis pelos sinais de afeto e aos religiosos que foram à Gemelli lhe desejar uma rápida recuperação.

João Paulo II lembrou que este é o tempo da quaresma, preparatório da Páscoa. "Continuemos juntos a preparação da Páscoa, oferecendo também a Deus o sofrimento pelo bem da humanidade e por nossa purificação", escreveu o papa no texto lido por Sandri.

No mesmo dia em que João Paulo II apareceu na janela do hospital, o cardeal alemão Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, descartou uma possível renúncia do papa, ao destacar que ele realiza sua missão também no sofrimento.

Para Ratzinger, o sofrimento do papa é "outro tipo de mensagem". "As pessoas vêem nele uma figura, uma voz que lhe falta. Ele fala com sofrimento e nos dá a entender que o sofrimento é um valor positivo." Nesses dias, voltou-se a especular sobre a possível renúncia papal. (EFE e AP)