Título: Empresários não querem depender dos diplomatas
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2005, Economia, p. B3

WASHINGTON - Em novembro, um assessor do chanceler Celso Amorim respondeu às críticas de empresários sobre a falta resultados da política comercial do País afirmando que o Itamaraty cuida dos interesses de longo prazo da nação e "esta é a diferença entre um Estado e um mascate". Temerosos que seus interesses não sejam compreendidos nem representados por uma parte da diplomacia brasileira, os "mascates" decidiram ir à luta. A partir desta semana, visitas de delegações das principais federações empresariais, o anúncio de um acordo de cooperação entre as duas mais influentes associações industriais do Brasil e dos Estados Unidos e o envolvimento direto de representantes da agroindústria dos dois países em consultas sobre a Rodada Doha ilustrarão o novo protagonismo do setor privado brasileiro nas negociações comerciais que interessam ao País.

Dirigentes das associações empresariais mais relevantes participarão de uma missão comercial nos EUA chefiada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Em abril, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, oriundo do setor privado, e o principal negociador brasileiro na Organização Mundial de Comércio, Clodoaldo Hugueney Filho, estarão em Washington acompanhados por líderes das associações do agronegócio para uma importante reunião com representantes do governo e do setor privado dos EUA sobre a agenda agrícola nas negociações da OMC.

Quinta-feira, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de S. Paulo, Paulo Skaf,sublinhará a nova atitude do empresariado ao assinar um memorando de entendimento com John Engler, presidente da poderosa Associação Nacional das Indústrias dos EUA (NAM). O acordo, o primeiro do gênero para a Fiesp, prevê iniciativas de cooperação em várias áreas, da facilitação de negócios à identificação de pontos de interesse comuns e articulação de ações conjuntas para impulsionar as negociações da Rodada Doha e da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).