Título: Anapu pede justiça e missas homenageiam irmã Dorothy
Autor: Vannildo Mendes e Carlos Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2005, Nacional, p. A4

Ontem de manhã, em clima de emoção e revolta, foi celebrada em Anapu a missa de 7.º dia pelo morte da missionária Dorothy Stang. Representantes de sindicatos rurais, entidades de direitos humanos e amigos da freira cobraram punição para o crime. A data foi lembrada em outros Estados - apenas no Rio, em Minas e São Paulo, 1.400 pessoas participaram de homenagens a irmã Dorothy. À tarde, cerca de cem fiéis, amigos e religiosos da congregação de irmã Dorothy foram em procissão até o túmulo, às margens do Rio Anapu. O padre Amaro Lopes de Souza, dirigente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e parceiro da religiosa, criticou a investigação. "Estou vendo muita pirotecnia, mas nenhum resultado."

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que está em Anapu fazendo uma investigação independente para o Congresso, também achou estranha a demora para prender os assassinos.

A Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) promoveu atos litúrgicos em São Paulo e em Belo Horizonte. No Rio, um ato ecumênico reuniu freis católicos, pastores luteranos, presbiterianos e batistas e mães de santo. Ativistas de direitos humanos e integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) e artistas compareceram.

A manifestação em Belo Horizonte reuniu o maior número de pessoas - cerca de mil. O ato vinculou o crime às chacinas de quatro funcionários do Ministério do Trabalho e de cinco integrantes do MST, ocorridas no ano passado, no Estado de Minas.

Cerca de 200 pessoas se reuniram na Cinelândia, centro do Rio, para protestar contra a morte da missionária. Artistas como Camila Pitanga, Marcos Winter, Osmar Prado, Beth Mendes e Chico Diaz também estiveram no ato.

Em São Paulo, nem mesmo a chuva afastou as pessoas que foram ao Pátio do Colégio, no centro de São Paulo, para lembrar o sétimo dia do assassinato de irmã Dorothy.