Título: No mercado imobiliário, o caos
Autor: Marcelo Onaga
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/03/2005, Cidades/Metrópole, p. C4

Apropriação de cruzamentos irrita, além de estimular corrupção Nos fins de semana, com menos carros, a cidade ganha em limpeza visual. No entanto, um sem número de placas, bandeiras, cavaletes, banners e folhetos distribuídos nos semáforos tornam ruas e esquinas mais feias do que durante a correria da semana. Tudo isso de acordo com a legislação. Ou quase. Uma lei permite que imobiliárias e construtoras espalhem suas peças publicitárias mediante o pagamento de uma taxa. O pacote mais amplo vendido pela Prefeitura custava R$ 39.700,00 por todos os fins de semana de um mês e liberava cinco esquinas para que fossem afixados banners em postes, colocadas placas e 60 cavaletes. "O problema é que, como o preço é muito alto, a maioria das empresas recorria a 'pacotes alternativos", relata o secretário de Coordenação das Subprefeituras, Walter Feldman.

Esses "pacotes alternativos" são oferecidos por empresas irregulares que espalham as placas e, segundo Feldman, têm esquemas dentro das subprefeituras para driblar a fiscalização. O secretário estuda duas alternativas para o problema: acabar com a permissão para os anúncios temporários ou diminuir o preço, para combater a corrupção.

A primeira opção é a preferida do prefeito José Serra. Acabando com a possibilidade dos anúncios temporários elimina-se o problema da corrupção e também o da poluição visual. "Estamos ouvindo os empresários do setor imobiliário para decidir o que fazer", completou Feldman.

O secretário garante que, do jeito que está, a situação não ficará. "É fato que há um esquema de corrupção que permite o uso das esquinas como é feito hoje. E vamos acabar com isso." De acordo com Feldman, as esquinas mais procuradas têm donos. "São pessoas que colocam uma cadeira na calçada e só 'permitem' a colocação de uma placa mediante pagamento de uma taxa."