Título: ONG teme que unidades não saiam do papel
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2005, Nacional, p. A4

Ambientalistas ligados a organizações não-governamentais (ONGs) que trabalham com a questão florestal na Amazônia receberam com otimismo as medidas anunciadas pelo governo em resposta aos conflitos sociais no Pará. Mas também com uma certa apreensão quanto à capacidade de implementação das novas unidades de conservação a longo prazo. "Acho que as medidas são muito positivas", disse André de Freitas, secretário-executivo da ONG Imaflora, que trabalha com certificação de projetos florestais e agrícolas. "Falta saber qual será a continuidade desse esforço. As unidades têm de ser criadas fora do papel também." A desapropriação de 8 milhões de hectares ao longo da BR-163, segundo ele, é o primeiro passo para retomar o controle sobre terras públicas e regularizar a situação fundiária na região.

Os projetos para criação de um mosaico de conservação na Amazônia já são antigos, mas a rapidez com que o governo decretou as novas unidades deixa dúvidas sobre o planejamento das medidas. "Não posso julgar o conhecimento por trás dessas decisões, mas é algo que tem de ser bem pensado. Não adianta fazer na marra", disse Johan Zweede, diretor da ONG Fundação Florestal Tropical, em Belém.

O Greenpeace divulgou nota pedindo que a presença do Estado na região não seja apenas provisória. Segundo o coordenador da campanha da Amazônia, Paulo Adário, o governo precisa "assegurar os recursos necessários para transformar medidas emergenciais em presença permanente."