Título: PF prende 18 no Pará por fraude contra INSS
Autor: Leonel Rocha e Carlos Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2005, Nacional, p. A9

Operação Caronte também descobre que construtora é a maior fraudadora no Estado. Agentes da Polícia Federal no Pará prenderam ontem 18 pessoas entre servidores e auditores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), empresários e funcionários de empresas de engenharia envolvidos em fraudes contra a administração pública. Computadores, disquetes e CDs foram apreendidos em prédios públicos e residências durante a Operação Caronte, realizada em Belém, Santarém e no município de Dom Eliseu. Outras dez prisões estavam programadas para acontecer no decorrer do dia. O objetivo da operação é cumprir 28 mandados de prisão e 20 mandados de busca e apreensão. A mentora das fraudes, segundo a PF, seria Yolanda Matos Cardoso, que já está aposentada mas servia de intermediária entre as empresas e os atuais funcionários do seu antigo setor. Momentos antes de ser presa ontem, Yolanda, que é conhecida pelos policiais como Vovó Mafalda, foi flagrada ao telefone avisando a uma colega para esconder documentos que comprovavam as fraudes e estavam guardados em uma loja de roupas que possui em Belém.

Entre os mandados de prisão que ainda não haviam sido cumpridos estava o do empresário Fabiano Coelho, sócio do senador Fernando Flexa Ribeiro (PSDB) na construtora Engeplan Engenharia Ltda, que, segundo a PF, é a maior fraudadora da Previdência no Pará. Licenciado da empresa desde que assumiu o mandato, em janeiro, Flexa Ribeiro não está sendo responsabilizado pela atuação do sócio, que sumiu de casa minutos antes da chegada dos policiais.

O golpe milionário vinha sendo aplicado há mais de cinco anos por várias companhias. Elas falsificavam comprovantes dos pagamentos de contribuição previdenciária aceitos pelos funcionários do INSS, que extinguiam a dívida da empresa e emitiam a Certidão Negativa de Débito falsa.

Entre os fraudadores está um dos maiores grupos madeireiros do Pará e empresas de segurança privada. A PF ainda não sabe o tamanho da fraude, mas já pediu auditoria do Ministério Público federal e do próprio INSS em 20 empresas. Para conseguir as certidões falsas, as empresas pagavam desde R$ 350 até R$ 40 mil aos servidores. A propina variava de acordo como tamanho da dívida.