Título: Marinha simula combate a terror no Rio
Autor: Felipe Werneck
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2005, Nacional, p. A14

Grupamento de Mergulhadores de Combate participa de exercício na P-21. Onze homens do Grupamento de Mergulhadores de Combate (Grumec), a mais secreta unidade das Forças Armadas do País, simularam, com sucesso, a invasão, a ocupação e o resgate de uma plataforma da Petrobrás "tomada" na Bacia de Campos. Os "terroristas" internacionais que invadiram a instalação, ameaçavam matar reféns e explodir a unidade de produção. O exercício foi realizado esta semana, a 22,2 quilômetros da costa fluminense, próximo ao Arquipélago de Santana, em Macaé, no norte do Estado, onde está situada a plataforma semi-submersível de produção P-21. O Estado acompanhou o treinamento. "Nossa preocupação é com qualquer tipo de elemento agressor e adverso; terroristas principalmente", afirmou o chefe da operação, o capitão-de-corveta Carlos Arentz, de 37 anos, subcomandante do Grumec. "O adestramento é voltado para uma situação de necessidade real, mas procuramos nos preparar para qualquer cenário." Segundo Arentz, o exercício é feito todos os anos desde 1990.

REFÉNS

Na manhã de quinta-feira, os homens do Grumec foram lançados em alto-mar com máscaras e roupas de mergulho pretas e um bote, para aproximarem-se de forma discreta da plataforma "ocupada" por um comando terrorista. Munidos de submetralhadoras israelenses mini-Uzi (32 tiros por carregador) acopladas a lanternas laser e preparadas para uso na água, eles escalaram a P-21, sem o auxílio de cabos ou instrumentos. Alcançaram as escadas de ferro que dão acesso à plataforma e recuperaram o controle da parte superior da unidade, iniciando uma operação de reconhecimento da área em busca de reféns.

Enquanto isso, os petroleiros estavam "dominados" e confinados no interior da P-21. Mais tarde, já com o uniforme de combate, o grupo simulou outro tipo de tomada, chegando de helicóptero, no topo da P-21. Eles ensaiaram a abertura com explosivos de precisão, dos compartimentos que permitem a entrada na plataforma. Depois, com pistolas e submetralhadoras em punho, localizaram a sala de controle de lastro, supostamente tomada pelo inimigo. Porta arrombada, e em segundos um "seqüestrador" estava dominado. Seu refém, o petroleiro Francisco Gomes, que trabalha há 13 anos na P-21 em turnos de 14 dias embarcado por 21 dias em terra, gostou da experiência: "Foi divertido, essa tropa não é mole não", brincou. A P-21, construída em 1967, está desativada, em manutenção desde 2002. Tem capacidade para 106 tripulantes - durante a operação, havia 24 homens a bordo.

"Só nós no Brasil fazemos isso", disse um dos comandos, homem de 31 anos, há 15 na Marinha e cinco no Grumec. Eles não podem ser fotografados sem a touca preta nem identificados. Apenas 30% dos candidatos são aprovados para o curso de mergulhador, que dura um ano. O treinamento inclui preparação física e psicológica para atuação em ambientes inóspitos e de risco elevado. Os aprovados recebem compensação salarial de 20% do soldo.