Título: Massacre: 35 mortos, 15 decapitados
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2005, Internacional, p. A15

Entre os decapitados havia mulheres e crianças; os outros corpos encontrados eram de pessoas assassinadas a tiros há uma semana BAGDÁ - Depois da descoberta, anunciada terça-feira, de 15 corpos decapitados em Latifiya, ao sul de Bagdá - alguns, de mulheres e crianças -, a polícia iraquiana encontrou horas depois mais 20 cadáveres na aldeia de Rumana, nas imediações da cidade de Qaim, perto da fronteira com a Síria. "Aparentemente, são cadáveres de pessoas assassinadas a tiros pelos rebeldes há pelo menos uma semana", disse o coronel Yasem al-Duleimi. O oficial acrescentou que ainda não ficou estabelecido se os mortos são civis ou militares. A descoberta dos corpos em Qaim se dá seis dias depois de as tropas americanas e iraquianas terem concluído uma ampla campanha militar contra redutos da insurgência na Província de Anbar, onde se localiza a aldeia.

Em Bagdá, rebeldes atacaram a tiros a comitiva do ministro do Planejamento, Mahdi al-Hafez, que escapou ileso. Dois de seus guarda-costas morreram no atentado e um terceiro ficou gravemente ferido. No momento do ataque, o ministro transitava de carro pelo distrito de Mansur, a oeste de Bagdá.

Outro atentado, perto da sede do Ministério da Agricultura, no leste da capital, causou a morte de quatro pessoas, incluindo o motorista suicida do caminhão-bomba usado no ataque. Era um caminhão de lixo carregado com explosivos e aparentemente tinha como alvo um hotel onde se hospedam instrutores estrangeiros da polícia iraquiana.

Em Habaniya, 70 quilômetros a oeste de Bagdá, outro carro-bomba explodiu ontem perto de um posto de controle de soldados americanos e iraquianos. As testemunhas não informaram sobre vítimas.

Uma explosão similar ocorreu na passagem de uma patrulha de soldados americanos e iraquianos no bairro de Al-Baladiyat, em Bagdá, também sem deixar vítimas.

Ao mesmo tempo, o grupo Organização da Al-Qaeda para a Guerra Santa na Mesopotâmia, do jordaniano Abu Musab al-Zarqawi, assumiu a autoria da maior parte dos ataques com carros-bomba no Iraque nos últimos meses.

O diretor do Hospital Al-Furat, Adel Abdelkarim, foi morto no ataque a tiros contra um ônibus que transportava iraquianos que trabalham para uma companhia kuwaitiana na capital. Um policial e um intérprete iraquiano também foram assassinados por supostos insurgentes na Província de Salahedin, no norte do país, segundo a rádio iraquiana.

Em Basra, 500 quilômetros ao sul da capital, uma bomba explodiu na passagem de um comboio da polícia iraquiana, matando dois agentes de segurança e ferindo outros cinco, incluindo um diretor de polícia.

BLAIR

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, foi acusado ontem de violar o código de conduta dos ministros ao não mostrar à maioria de seu gabinete um relatório feito pela procuradoria-geral em que era analisada a legalidade da guerra contra o Iraque, informou o jornal The Independent.